Duas sindicâncias foram abertas na Corregedoria-Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) para investigar as ações policiais que, em menos de 48 horas, resultaram na morte de duas pessoas na Comunidade do Bode, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife. Segundo a Polícia Militar, as operações foram realizadas por dois batalhões diferentes, não havendo, preliminarmente, conexão entre elas.
Na última quinta-feira (15), por volta das 21h, policiais da Radiopatrulha entraram na comunidade à procura de suspeitos de envolvimento no assassinato de um sargento da PM em Olinda, ocorrido dias antes. Na ação, os moradores acusam os PMs de terem matado o jovem Esdras Henrique Silva Teles, 19 anos, com dois tiros na cabeça.
No sábado pela manhã (17), em uma ronda de rotina, policiais do 19º Batalhão foram acusados de matar o pedreiro Ramon Gonçalves Cavalcante, 30, sem que a vítima houvesse esboçado qualquer reação, segundo testemunhas.
Revoltada, a comunidade já realizou dois protestos, queimando pneus e interrompendo o trânsito na Avenida Domingos Ferreira, em Boa Viagem, para exigir Justiça. A primeira manifestação ocorreu no sábado à noite, horas após a morte do pedreiro. A segunda aconteceu na última segunda-feira (19). Os moradores afirmam que nas duas ações, os policiais já chegaram atirando e negam que houve troca de tiros, versão apresentada pelos PMs.
Foram instaurados inquéritos policiais na Delegacia de Boa Viagem para investigar as mortes. Segundo a SDS, testemunhas já foram ouvidas e perícias estão sendo realizadas pelo Instituto de Medicina Legal e Instituto de Criminalística. “Ainda não é possível determinar a autoria dos disparos e motivação e, para não atrapalhar as investigações, a Polícia Civil se pronunciará quando os fatos estiverem esclarecidos”, diz a nota enviada pela SDS. Os policiais envolvidos nas operações também já foram identificados, segundo informou a Polícia Militar.