Estrada boa e, por isso, segura, com menos risco de sinistros de trânsito (não é mais acidente que se diz. Entenda a razão) é estrada concedida à iniciativa privada, ou seja, pedagiada.
Quando comparadas às rodovias sob gestão pública, o abismo da insegurança viária é gigantesco: o risco de colisões é quatro vezes maior do que nas públicas.
A constatação - já conhecida de muitos que lidam com a matança promovida pelo trânsito brasileiro - foi reafirmada por um estudo inédito da Fundação Dom Cabral (FDC), realizado pela Plataforma de Infraestrutura em Logística de Transportes (PILT).
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O estudo analisa os sinistros de trânsito registrados nas rodovias federais brasileiras (BRs) pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) entre 2018 e 2021. E constatou que não só o perigo, mas a fatalidade das colisões é muito maior nas estradas públicas.
A Fundação Dom Cabral concluiu que as taxas de acidentes (TAc) e de severidade dos mesmos (TSAc) são consideravelmente maiores nas rodovias sob gestão pública.
Foram estudados 264.196 sinistros, dos quais 99,4% ocorreram em rodovias sob jurisdição federal (BRs). 79,7% dos sinistros analisados se deram nas rodovias federais públicas, enquanto 20,3% foram nas concedidas ou popularmente conhecidas como rodovias pedagiadas.
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A discrepância entre os dois tipos de estradas federais - públicas ou concedidas - é ainda maior quando o recorte é sobre a fatalidade dos sinistros, o que a Fundação Dom Cabral chamou de Taxa de Severidade (TSAc).
Enquanto nas rodovias sob gestão pública essa taxa corresponde a 80,4%, nas concedidas é de 19,6%. “Fica claro que os investimentos em segurança viária feitos nas rodovias concedidas são bem superiores àqueles executados nas estradas sob gestão pública", avalia o professor Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura da FDC e pesquisador responsável pelo estudo.
“Não há razão para não reduzirmos as mortes e os registros de acidentes (sinistros) de trânsito porque constatamos que o Brasil sabe onde, como e por quê se mata nas estradas brasileiras. Sabe não só quais as rodovias mais perigosas, mas também os trechos delas. Mas é preciso agir. Por isso realizamos esse estudo. Queremos conscientizar e mobilizar a sociedade sobre essa causa”, defende.
CENÁRIO NACIONAL
Os Estados brasileiros com as maiores taxas de sinistros foram o Rio Grande do Sul e o Paraná, na região Sul do País. Os dois, além de apresentarem as maiores taxas de acidentes (TAc), também estão nas primeiras colocações no ranking das taxas de severidade das ocorrências (TSAc).
Confira o estudo na íntegra
Os dois são seguidos mais à distância por um segundo bloco composto por Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro. As rodovias federais que cortam Pernambuco aparecem em 13º lugar entre as taxas de severidade dos sinistros e em 14º quando o recorte é apenas das taxas de sinistros. É o quinto Estado nordestino no ranking dos piores. À frente dele estão Rio Grando do Norte, Bahia, Piauí e Ceará.
RODOVIAS MAIS PERIGOSAS
As maiores rodovias do Brasil e aquelas que cortam boa parte do País também são as mais perigosas. Essa constatação repercute diretamente no ranking dos Estados. Ou seja, quanto maior o trecho da rodovia no Estado, pior a situação dele no mapeamento feito pela Fundação Dom Cabral.
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Entre as 20 BRs analisadas, as que tiveram as maiores taxas de severidade dos sinistros foram as rodovias BR-101 e BR-116. As duas ocupam as duas primeiras posições, tanto em número absoluto de sinistros de trânsito quanto nas taxas de sinistros e de severidade dos mesmos.
“O Rio Grande do Sul e o Paraná, por exemplo, que estão na liderança do ranking porque as rodovias de maior severidade do Brasil são as principais nesses estados. Não é por coincidência. Ou seja, mais uma razão para que medidas efetivas sejam adotadas a partir do conhecimento da situação”, alerta o professor Paulo Resende.
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