Nem mesmo a redução, por três meses consecutivos, no número de homicídios (entre março e junho deste ano) evitou que Pernambuco tivesse o primeiro semestre mais violento desde a criação do Pacto pela Vida (PPV), em 2007. No índice de homicídios por grupos de 100 mil habitantes, a taxa de 30,6 nos primeiros seis meses deste ano é a maior no comparativo com os mesmos períodos entre 2007 e 2016. Em número absolutos, foram 2.876 assassinatos, enquanto a segunda maior marca foi precisamente no primeiro ano do PPV, com 2.423 ocorrências.
Também em números absolutos, o primeiro semestre de 2017 representou um aumento de 39,4% em relação ao do ano passado. Já na relação entre as taxas por grupo de 100 mil pessoas, mais aumento: 37,8% no comparativo entre 2017 e 2016.
No balanço geral dos anos entre 2007 e 2016, a maior taxa de assassinatos por 100 mil pessoas ainda é a do primeiro ano do Pacto, com 54. Após cinco anos de redução, 2013 fechou com o menor índice já registrado em Pernambuco desde a concepção da política pública: 33,7. Desde então, no vácuo da saída de Eduardo Campos do poder, em 2014, e na esteira da crise econômica que tomou de assalto o País, os números aumentaram até 2016 fechar com uma taxa de 48,2 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.
Ao contrário do que vinha fazendo desde o início do ano, o governo do Estado não realizou qualquer anúncio dos dados relativos ao mês de junho, quando foi confirmada a tendência de queda no número absoluto de mortes violentas intencionais. O pico absoluto de todo o período de dez anos do Pacto pela Vida foi atingido em março deste ano, quando 551 pessoas foram assassinadas em Pernambuco. O mês de junho terminou com 380 homicídios.
Para o coordenador do Movimento PE da Paz, Tales Ferreira, a tendência de queda nos três últimos meses é um dado positivo. “Principalmente quando se observa que, pela primeira vez desde outubro de 2016, um mês termina com menos de 400 mortes”, registra. Mas, segundo ele, o cenário da criminalidade no Estado permanece crítico. “São números ainda muito altos, e o governo utiliza uma metodologia errada ao comparar os dados de mês a mês de um mesmo ano. O correto seria analisar um determinado período e o seu equivalente em anos anteriores”, diz. Entre março e junho de 2016, por exemplo, a tendência também foi de redução no número de homicídios.
Segundo o Instituto Sou da Paz, “a meta básica do Pacto pela Vida era reduzir em 12% ao ano as taxas de mortalidade violenta intencional. Entre 2007 e 2013 a redução foi de 31% (4.560 homicídios para 3.121, conforme tabela abaixo). O número voltou a crescer novamente em 2014, com a morte do então governador Eduardo Campos”, diz, em nota, a entidade.
“Com a recente troca de comando da Secretaria de Defesa Social, é importante questionar qual é o compromisso do novo chefe da pasta com a retomada do Pacto Pela Vida”, afirma Carolina Ricardo, representante do Sou da Paz.
O secretário de Planejamento e Gestão do Estado, Márcio Stefanni, coordenador do PPV, garante: “O Pacto continua vivo e vai conseguir reverter os números e dar maior sensação de segurança à população.” Na avaliação do gestor, a redução de assassinatos nos últimos três meses é indicador disso.
“Não estou fugindo dos números, mas o crescimento da violência é um problema nacional. A redução dos últimos três meses já é resultado da política adotada pelo governo (um investimento de R$ 290 milhões em frota, pessoal e criação de batalhões). A gente acredita que tenha encontrado o caminho. O próximo semestre vai ser melhor do que esse”, afirma o secretário.