'Preferi cavar um poço', diz morador de Olinda ao esperar água da Compesa

Companhia de Saneamento detalhou projeto que pretende resolver problemas de abastecimento da cidade até 2021
Larissa Rodrigues
Publicado em 14/12/2017 às 21:25
Companhia de Saneamento detalhou projeto que pretende resolver problemas de abastecimento da cidade até 2021 Foto: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem


Os moradores de Olinda devem esperar alguns anos até pararam de quebrar cabeça com falta de água. Faz tempo que a cidade, no Grande Recife, tem problemas com abastecimento. Algumas famílias, inclusive, já desistiram e cortaram relações com a Companhia de Saneamento de Pernambuco (Compesa), recorrendo a poços artesianos e compra de garrafões no dia a dia. Segundo eles, é melhor gastar com botijões de mineral do que pagar contas da Compesa cobrando por uma água que nunca chega.

Para quem vive em Olinda desde sempre e nunca viu abastecimento decente, fica difícil acreditar que um dia vai ver. Cléber Batista da Silva, 40 anos, mora na Rua B12, na Primeira Etapa de Rio Doce, desde que nasceu. Há 15 anos resolveu romper ligações com a Compesa. Furou um poço no quintal e bombeia água para a caixa que abastece a casa. A família de Cléber gasta em média 50 reais por mês com garrafões para beber e cozinhar. Questionado se acredita nas promessas de melhoria da companhia, Cléber é enfático. “Claro que não. A gente mora aqui há tanto tempo e nunca viu água chegar. Mandamos cortar os canos porque não dava mais pra pagar e não ver água na torneira.”

A companhia diz que Olinda tem a tubulação inadequada para o crescimento local dos últimos 50 anos e promete resolver a questão até 2021, substituindo tubulações velhas e também implantando canos novos onde não tem. Mas precisará da compreensão da população enquanto a rede velha trabalhar com a nova. Nesta quinta-feira (14), a empresa detalhou o projeto Olinda + Água, que pretende resolver de vez os problemas de água da cidade. A ideia é alterar 110 quilômetros da rede de abastecimento local. Serão trocados 120 mil metros de tubos. A iniciativa também prevê a construção de cinco reservatórios em Jardim Atlântico.

O investimento é de R$ 134 milhões, dos quais foram gastos até agora R$ 40 milhões, na primeira das três etapas da obra. Os trabalhos começaram em outubro de 2016. Os recursos são de empréstimo feito pelo Estado ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD). De acordo com o órgão, 15 bairros serão afetados pelas mudanças. São eles: Casa Caiada, Bairro Novo, Bultrins, Jardim Atlântico, Jardim Fragoso, Ouro Preto, Rio Doce, Varadouro, Carmo, Guadalupe, Santa Tereza, Bonsucesso, Monte, Amaro Branco e Bultrins.

A Compesa disse que terminará a instalação dos tubos em dezembro de 2018. Mesmo que o prazo se cumpra, só em 2021 a população começará a sentir algum benefício. Segundo a empresa, porque será preciso finalizar os ajustes na eficiência operacional do sistema de fornecimento de água. “O problema de Olinda é que nós temos ainda lá redes que foram implantadas de forma emergencial, mas não têm o diâmetro adequado, por exemplo, não temos a reserva ideal para o município”, afirmou a diretora regional metropolitana da companhia, Simone Albuquerque.

COBRANÇA

Sobre as contas que chegam nas casas das pessoas sem que tenha havido fornecimento de água, Simone Albuquerque afirmou que a empresa cobra o que é devido, mas, se alguém se sentir lesado deve procurar a Compesa por meio das lojas de atendimento ou pelo WhatsApp 9.9488-5119. Ainda há o email comunicacaocentronorte@compesa.com.br e o 088 081 0195. Em Olinda, a loja da Compesa é na Avenida Presidente Kennedy, nº 1001, bairro de Peixinhos.

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