DESCASO

Abandono de obras da PE-33 atrapalha estudantes da UFRPE e IFPE

A rodovia teve ordem de execução assinada pelo governador Paulo Câmara em julho do ano passado, mas quase não saiu do papel

AMANDA RAINHERI
Cadastrado por
AMANDA RAINHERI
Publicado em 18/07/2018 às 10:17
Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
A rodovia teve ordem de execução assinada pelo governador Paulo Câmara em julho do ano passado, mas quase não saiu do papel - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
Leitura:

No caminho por onde deveriam passar mais de 20 mil alunos de cursos técnicos e superiores, só se vê descaso, desperdício de dinheiro público e abandono. Licitada em 2014 e com ordem de serviço assinada em julho do ano passado pelo governador Paulo Câmara, a rodovia PE-33, que liga a PE-60 à BR-101, no Cabo de Santo Agostinho, Região Metropolitana do Recife (RMR), é o único acesso aos câmpus da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e ao Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) no município. Mas a obra, que deveria ter a primeira etapa já concluída, quase não saiu do papel. Iniciada em outubro de 2017, a construção foi paralisada em janeiro, após atraso no pagamento da empresa que está realizando o serviço. Sem o primeiro trecho de 2 quilômetros, que ligaria a PE-60 aos prédios federais, nem mesmo as obras das unidades de ensino podem ser concluídas.

O câmpus da IFPE é o que está mais adiantado. Cerca de 85% das obras estão prontas. “Toda a estrutura interna – salas de aula, biblioteca, auditório – está concluída. O que não conseguimos terminar é a área externa. Falta construir o muro, a área do estacionamento e a subestação elétrica, que dependem diretamente da construção da rodovia”, esclarece Daniel Assunção, diretor geral do câmpus Cabo de Santo Agostinho. A unidade tem investimento federal da ordem de R$ 30 milhões. Quando concluída, abrigará 1,5 mil estudantes de quatro cursos técnicos (hospedagem, cozinha, logística e meio ambiente) e do Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (Proeja), com qualificação em almoxarifado. Por enquanto, 500 alunos estudam em uma unidade provisória, na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas do Cabo de Santo Agostinho (Fachuca). O objetivo é transferi-los para o novo prédio ainda no primeiro semestre de 2019.

A situação da Unidade Acadêmica do Cabo de Santo Agostinho (UACSA), da UFRPE, é mais crítica. O terreno foi doado pelo município em 2012, mas as obras só iniciaram em 2014. Atualmente, apenas 60% do prédio, que tinha inauguração prevista para dezembro deste ano, estão prontos. E o atraso, garante a reitora Maria José de Sena, não tem a ver com a falta de verba. “Temos R$ 250 milhões investidos nessa obra que, quando estiver em pleno funcionamento, beneficiará 20 mil estudantes. Nosso cronograma está atrasado porque o governo iniciou a obra da rodovia, mas parou no meio. Com as chuvas, o pouco que foi feito da PE-33 acabou sendo levado pela água. Agora, a empresa que ganhou nosso processo licitatório está tendo que fazer um acesso intermediário, para que os caminhões levando equipamentos possam chegar até o nosso canteiro de obras. Sem a rodovia, estamos impedidos de prosseguir. Acredito que não haja interesse do governo do Estado para promover a execução da obra”, criticou.

A PE-33, com seus 8,7 quilômetros, custará R$ 32,7 milhões. A expectativa de conclusão é de 18 meses. O primeiro trecho, de 2 quilômetros, tem custo de R$ 10 milhões (R$7,5 milhões para as obras e R$ 2,5 milhões para desapropriações) e deveria ter ficado pronto 120 dias após o início das obras. Procurada, a Secretaria Estadual de Transportes disse apenas que “obra continua como prioridade do governo do Estado e será retomada tão logo os recursos se viabilizem”.

PACOTE DE INVESTIMENTOS

Na ocasião da assinatura da ordem de serviço da rodovia, o governador Paulo Câmara anunciou um pacote de investimentos para o Cabo de Santo Agostinho, no valor de mais de R$ 50 milhões. Entre as promessas, a construção de uma sede para o 18º Batalhão da Polícia Militar (BPM); de uma ponte sobre o Rio Pirapama, que dá acesso ao Distrito Industrial; de uma Unidade Pernambucana de Atenção Especializada (Upae) em Ponte dos Carvalhos e a instalação de uma Academia de Pernambuco no bairro de Garapu. O governo foi consultado pela reportagem sobre o andamento de cada um dos investimentos. Sobre a nova sede do 18º BPM, a Secretaria de Defesa Social (SDS), informou que está em processo de contratação de um imóvel, localizado próximo ao Shopping Costa Dourada, no Cabo de Santo Agostinho, para abrigar as novas instalações. Após a contratação, haverá a reforma para adaptar a edificação às necessidades da unidade policial. A previsão de inauguração é até novembro deste ano.

Sobre a ponte que dá acesso ao Distrito Industrial, o governo informou que a obra foi iniciada e deve estar pronta até o fim do ano. A Academia de Pernambuco, de acordo com a Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer, foi inaugurada em 22 de dezembro de 2017. Já a Upae de Ponte dos Carvalhos ficou pelo caminho. Em nota, o governo do Estado argumentou que “diante da grave crise que atinge todo o país, a prioridade do governo de Pernambuco foi a manutenção e qualificação dos serviços já ofertados à população.” A Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho foi procurada para comentar o assunto, mas não se pronunciou.

Últimas notícias