Pensando em contribuir para o espaço onde circulam diariamente uma média de 60 mil pessoas, alunos de engenharia civil da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) propuseram, num trabalho de conclusão de curso (TCC), mudanças na acessibilidade do campus da UFPE no Recife. As medidas valorizam o transporte sustentável, como o aumento das ciclofaixas e a implementação de mais calçadas. As sugestões foram incorporadas ao Plano de Acessibilidade da Universidade e até o fim do ano o campus deve ganhar mais calçadas para circulação interna. As novas ciclovias serão implantadas até o primeiro semestre de 2019.
O estudo foi realizado durante um ano pelos estudantes Miguel Simões, 23 anos, e Vanessa Galdino, 22. Com orientação do professor Maurício Pina, o trabalho buscou a valorização dos pedestres e estimulou a utilização de acessos para dentro e fora do campus, aproveitando as áreas inutilizadas, para que as distâncias percorridas sejam encurtadas. “É um trabalho de utilidade para a sociedade em geral. A aplicação dessa metodologia, no campus, é uma coisa nova, e várias das propostas que surgiram serão implantadas”, explicou o professor.
O campus do Recife da UFPE tem uma área de mais de um milhão e cem mil metros quadrados, por onde circulam 14 linhas de ônibus. Para o levantamento os estudantes adotaram duas linhas de pesquisa: o Transit Oriented Development (TOD) e o Placemaking – conceitos normalmente utilizados para estações de grande movimento, como grandes terminais de ônibus e de metrô.
O estudo elencou pontos carentes da mobilidade e acessibilidade dentro do espaço universitário. “No campus transitam muitas pessoas, e não só estudantes, o que faz dessa área um lugar que interfere na vida de todos que circulam na região. Utilizar melhor o campus é, inclusive, uma forma de pensar diferente sobre os espaços públicos”, destacou Vanessa. A ideia é que as áreas da UFPE estimulem a interação entre as pessoas. “Nosso objetivo foi apresentar áreas que estão precárias e trazer soluções. Deixando um legado em que as pessoas possam ser mais valorizadas do que os meios de transportes individuais”, pontuou Miguel.
Os estudantes explicaram que o TOD é dividido em oito princípios, avaliados individualmente. São eles: o caminhar (calçadas e travessias); o pedalar (ciclofaixas e bicicletários); o conectar (calçadas que se conectem); o compactar (relacionando paradas de ônibus e linhas que circulam); o misturar (utilizando o terreno para a convivência de pessoas); o mudar (que é a implementação das ideias) e o adensar (ocupação dos espaços do terreno da faculdade).
Nessa avaliação, constatou-se que 52% das calçadas da UFPE são completas, ou seja, seguras para utilização; 44% das vias são seguras para circulação de bicicleta; 73,9% das travessias são completas – segundo o TOD as travessias têm que ter mais de 2 metros de largura e boa sinalização, com a presença de uma a cada 150 metros. Além disso, deve ter o acesso completo a cadeira de rodas.
A Superintendência de Infraestrutura da UFPE afirmou que até novembro deste ano mais 4.386 m² de calçadas serão implementadas no campus. Até o primeiro trimestre do próximo ano, a ciclofaixa da universidade será ampliada de 1,5 km de extensão para 3,5 km. Enquanto os recursos não chegam, ainda este ano, serão feitas marcações para delimitar as ciclovias.
As novas ciclofaixas ficarão no Centro de Ciências Exatas e da Natureza, indo até o Núcleo de Tecnologia da Informação. Depois virá a ciclovia do Centro de Ciências da Saúde e o complemento da área do Departamento de Economia.