A Igreja do Bonfim, localizada no Sítio Histórico de Olinda, reabre as portas na próxima quarta-feira, 24 de outubro, depois de ficar seis anos e oito meses interditada ao público. Pintada, restaurada e acessível a pessoas com deficiência, a igreja existe desde 1757 (século 18), mas o prédio atual é uma construção de 1919 (século 20). No mesmo dia será inaugurado o adro reformado do Convento de São Francisco, também situado na Cidade Alta.
Uma rachadura na cúpula da torre sineira fez a Defesa Civil de Olinda interditar a Igreja do Bonfim em fevereiro de 2012. A obra de restauração, com recursos do programa federal PAC Cidades Históricas, começou em maio de 2017. Nesse período, a prefeitura providenciou a recuperação da torre onde fica o sino, das fachadas, dos forros, da coberta, do coro, do piso, da escada e das esquadrias da edificação.
A reforma do coro não estava prevista inicialmente, informa o arquiteto da Secretaria de Patrimônio de Olinda Clodomir Barros Pereira Júnior. Segundo ele, a prefeitura constatou problemas estruturais no decorrer da obra e adicionou a recuperação do coro. A intervenção completa no templo católico custou R$ 2.090.220,34, incluindo o douramento com folhas de ouro do altar-mor, de dois altares laterais e do púlpito.
Na quarta-feira (24/10), a prefeitura fará a entrega da obra física, diz a secretária-executiva de Patrimônio de Olinda, Ana Cláudia Fonseca. Porém, trechos do douramento do altar-mor serão finalizados posteriormente, quando chegarem as últimas remessas de folhas de ouro. O prédio, agora, tem rampa na entrada principal e banheiros acessíveis a pessoas com deficiência.
Com o serviço, a Igreja do Bonfim voltou a ficar solta no terreno, sem paredes conjugadas com duas casas vizinhas, declara Clodomir Barros, responsável pela fiscalização da obra. E a fiação que passava na parede lateral do templo foi afastada. A solenidade de reabertura do imóvel está programada para o período da tarde, com a presença de representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Arquidiocese de Olinda e Recife e da Prefeitura de Olinda.
O mesmo grupo participa da inauguração do adro do Convento de São Francisco – o largo do Cruzeiro defronte da igreja – no fim da tarde. “Estamos devolvendo à cidade a configuração do conjunto franciscano no século 18”, afirma a arquiteta do escritório do Iphan em Olinda Vânia Cavalcanti. “Resgatamos a integração do adro com o convento, perdida numa intervenção anterior quando a rampa foi destruída”, comenta. Iniciada em 2016, a obra custou R$ 2.663.986,69.
“O largo do Cruzeiro era o caminho de acesso ao convento e caminho de procissões no passado”, destaca Vânia Cavalcanti. Executada pelo Iphan, com verba do PAC Cidades Históricas, a obra contemplou a restauração do Cruzeiro franciscano e da fachada da igreja, o novo aterro para construção da rampa, iluminação cênica e melhoria no sistema de drenagem e da rede elétrica.
Serão instalados bancos para contemplação da paisagem, bicicletário e sinalização turística interpretativa. “Os achados arqueológicos do adro foram cobertos e estão conservados no local”, acrescenta Ana Cláudia Fonseca. “Olinda ganhou um espaço de convivência, é um lugar pouco utilizado hoje, mas ficou muito atrativo depois da obra”, observa Clodomir Barros.
Arqueólogo carioca e morador de Olinda desde 2015, Mário Wiedemann elogiou o resultado da obra. “É importante tornar acessível um bem patrimonial público, ficou muito bom”, declara. Ele já vem fazendo uso do espaço, parcialmente, para brincar com o filho Benjamin, de 6 anos.