A Polícia Civil de Pernambuco confirmou, na manhã desta terça-feira (9), que a substância jogada em uma mulher de 19 anos, foi ácido sulfúrico. Em coletiva de imprensa, a delegada do Departamento de Polícia da Mulher, Bruna Falcão, detalhou, entre outras coisas, que a polícia acredita que o ex-companheiro foi o responsável por atirar o ácido e que as versões apresentadas por ele e o cúmplice no crime se contradizem. Durante depoimento que durou cerca de duas horas, o suspeito disse que queria "só dar um susto" na ex-mulher.
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O inquérito ainda não foi concluído e a polícia trabalha com a acusação de lesão corporal grave, que pode gerar a pena de reclusão de um a cinco anos. Se a situação da vítima se agravar, a acusação passa a ser de lesão corporal gravíssima, onde as penas variam de dois a oito anos. A delegada responsável pelo caso afirmou que está tentando materializar (reunir provas materiais) a tentativa de feminicídio - neste caso, a pena é dois sextos menor que a de feminicídio, que varia de 12 a 30 anos de reclusão.
Na noite da última quinta-feira (4), o suspeito de 30 anos, com a ajuda de um amigo de 20 anos, jogou ácido sulfúrico na ex-companheira, com quem tem um filho. Ela está internada Hospital da Restauração, correndo risco de morte e de perder a visão, com 38% do corpo atingido por queimaduras de graus II e III, na cabeça, pescoço, tronco, coxas e órgãos internos, já que o ácido atravessou o tórax da vítima.
O suspeito se entregou à polícia na segunda-feira (8) e o cúmplice foi preso em flagrante na sexta-feira (5). Os dois foram levados para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). Eles prestaram depoimentos, apresentando versões que “não se sustentam e não são harmônicas entre si”, segundo a delegada.
“Ele admite que planejou a investida contra a ex-companheira, que conversou com o amigo, que queria dar um susto na ex e que tinha ácido sulfúrico em casa, utilizado para desentupir a encanação. A partir deste material, decidiu se vingar dela, insistindo naquela versão de que ela não dava acesso ao filho do casal”, explicou. A delegada disse também que, segundo o ex-companheiro da vítima, o amigo dele teria sido o responsável pela execução do crime, mas que, essa versão também não se sustenta e que, na verdade, ele que teria atirado ácido contra ela.
Material apreendido no local
Um recipiente plástico vazio, uma garrafa de ácido sulfúrico também vazia, cabelo humano e uma presilha de plástico foram apreendidos no local e são, além da própria vítima, as provas materiais que a polícia tem do crime até o momento.
Denúncias da vítima contra o suspeito
Antes de ter ácido sulfúrico atirado contra o seu corpo, a vítima registrou três boletins de ocorrência contra o ex-companheiro. O primeiro, em 13 de maio, quando ela foi física e verbalmente agredida por ele. Na ocasião, foi solicitada uma medida protetiva, mas o acusado não foi localizado e não recebeu a notificação da medida.
Em 23 de maio, ela voltou à delegacia para registrar o segundo boletim de ocorrência. Desta vez, ele havia enviado para a irmã dela um vídeo de conteúdo violento, relacionado ao assassinato de uma mulher e dizendo que não faria isso com ela apenas por ser mãe do filho dele.
O episódio que resultou no terceiro boletim de ocorrência teve início com uma briga entre a vítima e a atual mulher do suspeito. A duas trocaram agressões em uma parada de ônibus. A vítima contou o acontecido para a mãe do suspeito, ele revoltou-se com a atitude dela (em envolver a mãe dele), afirmando que a ex-companheira iria pagar. "A mãe dele respondeu dizendo que se ele fosse fazer algo contra a ex-companheira, teria de fazer contra ela também porque antes de ser mãe dele ela era mulher também e não admitia aquele tipo de violência", detalhou a delegada.
Em 1º de junho, a vítima registrou o terceiro boletim de ocorrência. Apenas em 5 de junho, a notificação de medida protetiva foi entregue ao suspeito.
Pai tinha acesso ao filho
"Ele insiste na versão de que não é verdade que ele não se conformava com o fim do relacionamento, inclusive alega que havia voltado a viver com a sua esposa e que por isso não havia revolta dele na posição dela de não querer mais se relacionar. Isso tudo tem se desmentido pelas testemunhas que ouvimos. A própria mãe do suspeito foi escutada na unidade policial e disse que o acesso ao filho do casal era permitido pela ex-mulher dele sempre, então essa versão também não se sustenta", explicou a delegada.