Dor e revolta marcaram o enterro de Mayara Estefanny Araújo, 19 anos, jovem morta depois que o ex-companheiro e um amigo jogaram ácido sulfúrico no rosto e corpo da vítima. O velório e o sepultamento aconteceram na tarde de ontem, na cidade de Limoeiro, no Agreste de Pernambuco, onde reside a maior parte da família da jovem. Gritos de justiça foram ouvidos durante o cortejo que arrastou centenas de pessoas até o Cemitério São João Batista. A cidade, inclusive, adiou para hoje as festas de comemoração dos 208 anos de existência devido ao sepultamento.
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O corpo de Mayara Estefanny começou a ser velado na noite de sexta-feira, no mesmo dia em que ela veio a óbito no Hospital da Restauração, onde estava internada em estado grave e com grandes chances de ficar cega desde o dia 4 de julho, quando aconteceu o ataque. Devido aos ferimentos que a jovem tinha no corpo e rosto – completamente desfigurado –, o caixão permaneceu fechado durante todo o velório. Uma foto de Mayara sorridente foi colocada sobre o caixão, aberto por poucos minutos apenas para que a mãe, a avó e os irmãos da vítima pudessem se despedir.
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O velório aconteceu na casa da avó paterna de Mayara, Damiana da Conceição, no bairro Vila da Paz. A avó da jovem era uma das mais revoltadas com a violência sofrida pela neta. “É muito triste perder a minha neta querida dessa forma. E tudo isso por causa de um marginal, que não podia ter feito o que fez. Como alguém joga ácido em outra? Uma menina tão doce, tão meiga, não merecia isso”, desabafou.
A agressão a Mayara Estefanny aconteceu no bairro de Nova Descoberta, Zona Norte do Recife, quando a jovem foi surpreendida pelo ex-companheiro e pai do seu filho de dois anos, William César dos Santos Júnior, 30 anos, e o amigo dele, o ex-presidiário Paulo Henrique Vieira dos Santos, 23, que estão presos. Paulo teria segurado Mayara enquanto William jogava ácido sobre o rosto e o corpo da jovem. O acusado não aceitava o fim do relacionamento.
PENA MAIOR
Os dois foram indiciados e denunciados por tentativa de feminicídio qualificado, mas, com a morte da vítima, a expectativa é de que o MPPE altere a tipificação do crime para feminicídio consumado e as penas de cada um cheguem a 32 anos de prisão. Durante o velório, muitas críticas foram feitas à Justiça e à polícia pelo fato de a jovem ter sido atacada e morta mesmo depois de prestar diversas queixas contra o ex-companheiro e ter uma medida protetiva expedida, que foi ignorada pelo acusado.