Após denunciar Unibra ao Procon, aluno diz ter sido expulso da instituição

A Unibra ainda teria recolhido o celular do estudante para que ele não gravasse a conversa
Maria Lígia Barros
Publicado em 19/02/2020 às 15:37
A Unibra ainda teria recolhido o celular do estudante para que ele não gravasse a conversa Foto: Foto: Divulgação


Depois de ter sido notificada pelo Procon em Pernambuco por irregularidades no cumprimento do currículo escolar de alguns cursos, o Centro Universitário Brasileiro (Unibra) recebeu mais uma denúncia

Um dos alunos que relatou nas redes sociais ter tido o período trocado pela universidade formalizou uma segunda queixa ao Procon na manhã dessa quarta-feira (19). O estudante de jornalismo Bruno da Silva, 18, foi quem avisou o órgão da situação inicial na segunda-feira (17). 

Bruno diz que o corpo jurídico do centro de estudo o convocou nessa terça-feira (18) para avisar que ele estaria expulso da instituição. Na reunião, os representantes da Unibra ainda teriam confiscado o celular do rapaz para que ele não gravasse a conversa. 

>> Procon-PE notifica Unibra por irregularidades no curso de jornalismo

Segundo o aluno, a faculdade alegou que, além de publicar na internet a denúncia contra a universidade, no sábado, ele teria passado em salas de outros cursos para “falar mal” da instituição - o que nega ter acontecido. “Eu perguntei se tinha provas e ela disse que não, que se tratava de uma denúncia”, conta.

"Tentativa de intimidação"

Para a gerente de fiscalização do Procon-PE, Danyelle Sena, caso o fato se confirme, trata-se de uma tentativa de coação e intimidação. “Não só a ele mas aos demais, para que outros alunos não possam fazer denúncia”, afirmou. 

“Para que um aluno venha a ser expulso de uma instituição, ela vai ter que comprovar que teve algum ato que ensejasse isso”, disse. No entanto, a publicação da denúncia contra a faculdade nas redes não seria motivo para a expulsão do aluno, ela avaliou. “No vídeo não tinha nada denegrindo a universidade. Ele estava relatando um fato que outros alunos relataram”, avaliou. 

O órgão irá notificar uma segunda vez o Centro. Uma audiência pública está marcada para o dia 2 de março, às 10h, na qual deverá esclarecer e apresentar defesa. A gerente adiantou que, se for constatada ilegalidade, poderão ser aplicados vários tipos de penalidades, inclusive multa.

Irregularidades 

No último sábado (15), os alunos de jornalismo usaram as redes sociais para contar que a faculdade vem colocando os alunos de períodos iniciais em turmas mais avançadas. De acordo com Bruno, ele deveria estar no terceiro período, mas foi colocado na mesma classe que o sexto período. O vídeo de Bruno foi republicado por contas de visibilidade no Instagram. 

“Está todo mundo insatisfeito, inclusive o sexto período. Como a gente queimou muitas cadeiras, tem muito assunto em que a gente fica perdido e o professor tem que ficar voltando, atrapalhando o pessoal”, contou ao JC

Bruno conta conviver com a situação de irregularidades desde o ano passado. “Eu entrei em 2019.1. Em 2019.2 eu deveria ter ido para o segundo período, mas fui para o terceiro”, revela. 

Ele concluiu o Ensino Médio em 2018 e conta que, depois de achar que a faculdade seria muito boa, perdeu a confiança nela. “Eu espero que se resolva para os próximos alunos, que eles não sofram como a gente está sofrendo. Que, depois de tudo isso, ela acorde para esses cursos pequenos, como jornalismo, biologia, RH - todos têm problema.”

Resposta da Unibra

Após diversas ligações, e-mails e conversas em aplicativos de mensagem feitas pela reportagem do JC em busca de um posicionamento da instituição de ensino sobre as denúncias dos estudantes, a Unibra enviou uma nota sobre o caso. Leia a íntegra:

A UNIBRA diante das últimas publicações propagadas por este Jornal, exercendo o direito de resposta, apresenta o seguinte posicionamento:

O jornal, enquanto meio de comunicação, é responsável pela lisura das informações que são veiculadas. Com relação a notícia publicada a respeito de notificação do PROCON sobre supostas irregularidades praticadas por esta IE, imperioso destacar que não há qualquer imputação de responsabilidade, mas, tão somente, solicitação regular de esclarecimentos, procedimento comum em casos tais, sendo esta a função precípua do órgão fiscalizador. Oportunamente, salientamos que a atividade educacional da UNIBRA sempre foi pautada pela ética e cumprimento das normas legais aplicáveis às Institucionais de Ensino Superior, tendo, inclusive, sido avaliada com nota máxima pelo MEC.

Todos os atos desta Instituição de Ensino são exercidos com muita responsabilidade e seriedade, com a preocupação de oferecer um serviço diferenciado, qualificado, atento às inovações acadêmicas, com o objetivo incansável de fornecer o melhor ensino aos alunos UNIBRA.

Não obstante, a Instituição foi surpreendida com exposição midiática excessiva, de fato que não condiz com a realidade. Em que pese a errônea interpretação da natureza jurídica do procedimento jurídico aventado pelo PROCON, foi divulgado que o discente denunciante de infundada irregularidade, foi supostamente punido com a expulsão, quando na verdade, solicitou sua transferência, o que fora de pronto atendido.

Diante dos fatos apresentados que tentam indubitável e exclusivamente macular à integridade da UNIBRA, informamos que adotaremos todas as medidas legais cabíveis para impedir que a gratuita exposição na imprensa, por parte de terceiros mal intencionados, com o fito de locupletar-se de publicidade inidônea às custas desta honrosa Instituição se perpetue.
Repudiamos, portanto, toda e qualquer manifestação inverídica direcionada a UNIBRA, ao tempo que contamos com o comprometimento e seriedade dos veículos informativos na divulgação das notícias.

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