Nesta segunda-feira (19), A autarquia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) desligou os semáforos do início do Túnel Josué de Castro, o Túnel do Pina, na Zona Sul do Recife. Os sinais foram implantados no dia 10 de abril para desafogar o trânsito da Via Mangue e da Avenida Engenheiro Antônio de Góes, no bairro do Pina. Segundo a CTTU, os semáforos foram desligados para estudos técnicos da área e não têm previsão de retorno de funcionamento.
O sinal foi desligado pouco mais de um mês de implantação. A CTTU o instalou no dia 10 de abril, porque os tráfegos da Via Mangue e da Avenida Antônio de Góes estavam retidos. Na época, a Autarquia enviou um comunicado à imprensa, afirmando que ele foi implantado após "testes realizados pelas equipes técnicas da CTTU desde o início do mês de abril". Ainda, na nota, a CTTU afirmava que tanto este sinal quanto o localizado na saída do túnel, quando cruza com a Antônio de Góes, funcionariam em sincronia. Mesmo após a instalação do sinal, tanto a Via Mangue, quanto a Antônio de Góes continuaram engarrafadas nos horários de pico.
Dia 10 de maio, a reportagem do JC mostrou o sufoco que os congestionamentos constantes na via expressa vem causando tanto para quem usa carro, quanto para quem vai de ônibus. A médica Gabriele, 34 anos, moradora do bairro de Boa Viagem, relata que nos últimos seis meses tem sido difícil chegar ao trabalho. "Depois que começaram as aulas, para chegar ao trabalho nesse horário, entre 7h30 e 8h, tem sido complicado". A bancária Valkíria Cavalcante, de 28 anos, pondera: "Quando (a Via Mangue) foi inaugurada, foi nítida a melhora nas avenidas Conselheiro Aguiar e Boa Viagem". Mas com a via expressa cada vez mais cheia e com retenções, faz com que todos que precisam cruzar a Zona Sul voltem ao costume de sair mais cedo de casa.
A Via Mangue saiu do papel em definitivo em janeiro de 2016, quando foi aberta ao público a pista oeste, que leva o tráfego do Pina até Boa Viagem. Com isso, a Avenida Conselheiro Aguiar ganhou um trecho de 5,8 quilômetros de faixa exclusiva para ônibus, entre a Rua Barão de Souza Leão e a Avenida Antônio de Góes.
O trecho mencionado ficou livre, mas ao chegar no final da Avenida Conselheiro Aguiar, já se nota os reflexos causados pelo intenso trânsito no cruzamento da Antônio de Góes com o Túnel do Pina. Os usuários das linhas ônibus que circulam na região relatam que este trecho acaba atrapalhando o percurso: "O problema é que a Antonio de Goes é um grande funil. Não importa se você vem pela Conselheiro Aguiar ou pela Via Mangue, no final, todo o fluxo se encontra na ponte. A Via Mangue foi muito eficaz, mas o número de carros continua crescendo. Daqui a alguns anos, já precisaremos de outra rota alternativa", relatou a estudante Giovana Ferreira, de 19 anos.
Leonardo Meira, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e especialista em mobilidade, comenta que isto é reflexo de criar obras em vez de dar alternativas. "Tem um ditado que se diz muito na Alemanha: quem planta via, colhe congestionamento", diz o professor, que complementa: "A frota de carros continua crescendo. E cresce de uma forma que a infraestrutura não consegue acompanhar. Não é proibir que se tenha carros, e sim que as pessoas tenham opções para se deslocar de outras formas".