Parceria com a Polícia Militar para o reforço das rondas na localidade, implantação de câmeras de segurança e a solda das grades que protegem as bombas. Nada disto foi suficiente para inibir as tentativas de furto às bombas que fazem o rebaixamento do lençol freático do Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife. Por isto, a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh-PE) iniciou, na noite dessa quarta-feira (22), um novo esquema de segurança no equipamento, que agora conta com vigilância terceirizada. Além disto, está em curso um processo licitatório para implantar mais câmeras de segurança na área e inibir a atuação criminosa.
Na noite da última terça-feira (21), uma tentativa de furto dos cabos que alimentam as bombas fez com que o equipamento tivesse que ser interditado, causando diversos transtornos aos condutores que passam pelo local diariamente, que tiveram que seguir por rotas alternativas. De acordo com o secretário executivo de Gestão de Investimentos (Segin) da Seduh, Carlos Ferreira, a nova estratégia do Governo é a vigilância constante no equipamento, por meio de um posto de segurança.
"Já existe uma interface com a SDS, a partir dos problemas que a gente teve no ano passado. A PM já faz rondas com frequência. A gente tem câmera que cobre a área, mas como tem diferentes pontos de acesso, não está atendendo. A princípio, as grades das bombas eram fechadas com cadeado, mas passamos a soldar a porta, usamos cerca e mesmo assim arrombaram", relata o secretário, que também confirma a licitação para a implantação de novas câmeras e que, a solda das grades dificultaram, inclusive, a manutenção dos equipamentos.
Sobre o custo investido no reparo das bombas do Túnel da Abolição, o secretário explica que equipes atuaram no local do problema, que se iniciou na terça, mas que contaram com o apoio da Autarquia de Limpeza e Manutenção Urbana (Emlurb) e da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). "O custo em si é irrisório, porque a gente já está usando nossa própria estrutura. A gente não identificou a necessidade de substituir a peça (bomba). É um custo social que a gente tem que arcar. Por isto a importância da conscientização", afirma.
Ao todo, foram drenados cerca de 500 mil litros de água nessa quarta-feira (22). O líquido não é do esgoto, vem dos lençóis freáticos e, segundo Carlos, são redirecionadas para a rede de drenagem da cidade. Além da retirada da água, foram realizados serviços de manutenção no local, como a limpeza das galerias.
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Obra do Túnel da Abolição
Sobre as polêmicas envolvendo a obra de construção do Túnel da Abolição, o secretário Carlos Ferreira comenta que o equipamento não apresenta problemas de engenharia e que todos os túneis do Recife contam com bombas para rebaixamento do lençol freático. "Não tem novidade, nem falha de projeto. Infelizmente, a questão passa pelo âmbito social. No Túnel da Abolição, a gente tem duas bombas, temos gerador para quedas de energia. Se uma quebra, a outra é acionada, ela é meio que reserva. Então, a gente não tem problema de engenharia. Todos os túneis da cidade têm (bombas). No Jordão, por exemplo, temos seis bombas", acrescenta.
Interdições do equipamento
Pela terceira vez em três meses seguidos, o Túnel da Abolição amanheceu alagado nessa quarta-feira (22). Em novembro de 2019, uma tentativa de furto dos cabos causou o acúmulo de água no equipamento, que voltou a ser interditado em dezembro por causa de alagamento. A Rua Real da Torre, antes da entrada do túnel, ficou com o trânsito bloqueado. Às 21h30, o túnel foi liberado. O sistema de esgotamento foi comprometido por uma tentativa de furto dos cabos que alimentam as bombas d’água e um ato de vandalismo nos quadros de força.
De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, a associação com a maré alta da madrugada dessa quarta-feira (22) fez com que os trabalhos para solucionar o caso se estendessem. O Consórcio, a Emlurb e a Compesa trabalharam na área. Os ajustes duraram aproximadamente oito horas.
No dia 14 de novembro, o Túnel da Abolição também amanheceu alagado, chegou a ser interditado e a CTTU realizou um desvio no trânsito. O equipamento passou a manhã do dia 14 bloqueado, o que ocasionou bastante engarrafamento. O acúmulo de água foi ocasionado por uma tentativa de furto dos cabos que alimentos as bombas de sucção do túnel. Sobre o caso, o Grande Recife Consórcio de Transporte afirmou que o suspeito não conseguiu furtar os fios, mas que danificou a parte elétrica das bombas. No dia 20 de dezembro, o Túnel amanheceu alagado. De acordo com o Grande Recife Consórcio de Transporte, o alagamento foi ocasionado por atos de vandalismo. A situação foi normalizada por volta das 9h daquele dia.
Histórico de alagamentos
Não é de hoje que o equipamento apresenta problemas com alagamentos. Desde a construção do túnel, acontece de ele ficar tomado por água. O túnel foi inaugurado no dia 12 de abril de 2015 e liga a Rua Real da Torre à Rua João Ivo da Silva, sob a Avenida Caxangá. A obra, que faz parte do Corredor Leste-Oeste eliminou um dos cruzamentos mais congestionados à época e custou R$ 16 milhões.
Em janeiro de 2016, mesmo não tendo chovido, o túnel alagou e a água alcançou quase 50 centímetros. À época, os cabos de energia haviam sido roubados, de duas bombas. Em julho de 2015, o equipamento também chegou a ser bloqueado devido ao alagamento. Desta vez, o problema se deu devido à sobrecarga no sistema elétrico, que provocou o desligamento da bomba de drenagem.
Em maio do mesmo ano, o alagamento ocorreu após uma noite de chuva. O que ocasionou a inundação foi um ato de vandalismo, quando ocorreu a quebra da chave geral do sistema elétrico, impossibilitando o funcionamento das bombas. A inauguração do túnel se deu após um ano e quatro meses de atraso também por causa dos alagamentos. A obra deveria ter sido finalizada em janeiro de 2014, antes da Copa do Mundo, mas houve um problema com a construtora Mendes Júnior, investigada pela Operação Lava Jato e com o lençol freático da área, que ocasionava as constantes inundações.