Diagnóstico precoce do câncer de mama salva vidas

Ao abraçar o Outubro Rosa, o JC reforça que a informação é uma arma valiosa para as mulheres mudarem de atitude em relação à saúde das mamas. Até o dia 9, serão abordados temas sobre conscientização e cuidados que transformam o susto do diagnóstico em superação
Cinthya Leite
Publicado em 03/10/2015 às 13:04
Ao abraçar o Outubro Rosa, o JC reforça que a informação é uma arma valiosa para as mulheres mudarem de atitude em relação à saúde das mamas. Até o dia 9, serão abordados temas sobre conscientização e cuidados que transformam o susto do diagnóstico em superação Foto: Divulgação


Um laço cor-de-rosa simboliza um movimento internacional que, desde a década de 1990, chama a atenção para um tipo de tumor que, apenas em Pernambuco, tira a vida de 600 mulheres por ano. Fazer com que a linha de mortalidade por câncer de mama decline no mundo é a principal meta do Outubro Rosa, que sensibiliza a sociedade sobre o diagnóstico precoce da doença.

O melhor caminho para se detectar o tumor o quanto antes passa pelos exames de rotina, o que inclui ultrassonografia das mamas, mamografia e, em alguns casos, ressonância magnética. O autoexame (toque dos seios feito pela mulher) continua a ter validade para conhecimento corporal, mas não reduz mortes por câncer de mama. “A meta é descobrir o tumor nas fases iniciais, quando ele ainda está com menos de um centímetro. Nesse tamanho, é impalpável. Por isso, o autoexame não é uma arma isolada de detecção precoce da doença. A mamografia é o padrão ouro para o rastreamento do tumor”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Mastologia/Regional Pernambuco, Marcos Almeida. 

A comerciante Ana Maria Bandeira, 70 anos, nunca deixou de encarar o mamógrafo. “Faço questão de cumprir com o meu dever ao escutar tantas pessoas falarem sobre casos de câncer de mama”, diz Ana Maria, que nunca foi surpreendida com uma mamografia alterada. “Mas sei que ainda há mulheres que descobrem a doença em estágio avançado.” Esse diagnóstico tardio vem de uma rede de cuidado fragmentada, segundo explica a oncologista Jurema Telles, coordenadora do serviço de oncologia de adulto do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). “Em muitos serviços, não há atenção contínua. A paciente faz um exame, demora para ter o resultado e aguarda um tempo grande para uma nova consulta. Nessa trajetória, perde tempo para iniciar o tratamento, se necessário”, diz Jurema. 

O fato de a mulher percorrer sozinha a rota da assistência é uma barreira para o acesso ao tratamento em tempo hábil. E a agilidade na terapêutica vale ouro porque, quanto menor o período entre diagnóstico e tratamento, maiores as chances de cura.

DESAFIO 

Falar sobre prevenção do câncer de mama é difícil, já que não há uma vacina que barre o desenvolvimento da doença. Apesar disso, é possível ficar de olho nos fatores de risco para o tumor, como obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e tabagismo. “Cerca de 90% dos cânceres de mama estão ligados a fatores relacionados ao estilo de vida e a condições que expõem a mulher a uma janela hormonal maior, como primeira menstruação precoce, menopausa tardia e terapia de reposição hormonal”, explica o oncologista Rossano Araújo, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). Os outros 10% têm ligação com a hereditariedade.

Intrigante é que, por mais que se afastem fatores de risco, não dá para garantir que o câncer de mama nunca dará as caras. É por isso que a prevenção primária (conjunto de ações que visam evitar a doença na população) é um campo de interrogações, embora mantenha acesa uma rota de pesquisa promissora. Não à toa, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) estima que, pela alimentação e exercícios, é possível reduzir em até 28% o risco de desenvolvimento da doença.

“A prevenção é a mola mestra quando falamos sobre um câncer que angustia as mulheres. Se podemos adotar atitudes para diminuir as chances do aparecimento da doença, é importante não desperdiçarmos tempo”, diz a ginecologista Izabel Christina Carneiro. A especialidade da qual a médica faz parte é o ponto inicial do rastreamento. Se muitas mulheres conseguem ter diagnóstico precoce e alcançar a cura é porque geralmente há um ginecologista que não deixa escapar a chance de os exames fisgarem o tumor em fases iniciais.

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