VIOLÊNCIA

Clima é de tranquilidade após rebelião no Complexo Prisional do Curado

Familiares se aglomeram em busca de informações dos detentos

Do JC Online
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Publicado em 20/01/2015 às 8:25
Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
Familiares se aglomeram em busca de informações dos detentos - FOTO: Foto: Bobby Fabisack/JC Imagem
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Após um dia de tensão, a manhã desta terça-feira (20) é tranquila no Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste do Recife. A diretoria do presídio divulgou uma lista com o nome dos 29 feridos na rebelião desta segunda-feira (19), mas familiares ainda fazem vigília no presídio em busca de mais informações dos detentos. O motim também deixou dois mortos, o primeiro sargento da Polícia Militar (PM), Carlos Silveira do Carmo, 44 anos, e detento Edvaldo Barros da Silva Filho também foi morto na confusão.

Segundo a Secretaria de Ressocialização do Estado (Seres), os 29 feridos foram socorridos, alguns em unidades de saúde e outros no próprio complexo. No entanto, muitos pais ainda continuam em dúvida sobre o estado de saúde dos internos. "É difícil ficar aqui do lado de fora se saber o que está acontecendo. Eu tenho direito ter notícias do meu filho", falou a dona de casa Maria José da Silva. A secretaria informou ainda que todas as medidas adotadas pelo policiamento foram adequadas para garantir a segurança no local e a integridade física de todos no Complexo Prisional. 

O policial baleado foi levado para atendimento no Hospital Otávio de Freitas, mas não resistiu aos ferimentos. O tiro teria partido de dentro do ASP Marcelo Francisco Araújo (PAMFA), um dos três presídios do complexo, mas o caso ainda está sendo investigado pelo delegado João Paulo Andrade. À tarde, o Batalhão de Choque iniciou a revista dos pavilhões, quando foram apreendidos facões e celulares.

O Comando Geral da Corporação divulgou nota de pesar e decretou luto oficial de três dias pela morte do primeiro sargento. Além de Carlos Silveira do Carmo, o reeducando Edvaldo Barros da Silva Filho, de 34 anos, também morreu nesta rebelião.

O protesto começou na manhã dessa segunda quando os reeducandos recusaram o café da manhã e ficaram em cima das lajes com faixas que cobravam agilidade nos processos em tramitação na Justiça e melhorias nas celas. Ficou evidente o descontentamento com o juiz titular da Primeira Vara das Execuções Penais, Luiz Rocha. No meio da tarde, os presos passaram a depredar o patrimônio público e se iniciou o embate entre internos e policiais.

Durante a rebelião no Complexo Prisional do Curado os parentes de presos aproveitaram para denunciar o caos no sistema com processos parados e celas superlotadas. Relatos apontavam ainda para a prática de tortura e maus tratos e do comércio, inclusive de drogas dentro dos pavilhões. 

CRISE - Uma rebelião foi deflagrada na véspera de Natal e foi descoberto um túnel que serviria para a fuga dos detentos. Já nos primeiros dias de janeiro, o então secretário de Ressocialização, Humberto Inojosa, renunciou após quatro meses e uma semana no cargo. Em seu lugar, assumiu o coronel da PM, Eden Vespaziano. Na ocasião da posse, o  secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou um pacote de medidas para melhorar a situação dos presídios de Pernambuco. A maior promessa foi acabar com a circulação de armas brancas e celulares nas unidades prisionais. No último dia 7, o Batalhão de Choque fez uma varredura nas três unidades do complexo e encontrou cerca de 40 armas e celulares.

O sistema prisional do Estado é  proporcionalmente o mais superlotado do Brasil, com déficit de agentes penitenciários e policiais militares para a segurança e monitoramento. Existem hoje cerca de 31 mil detentos onde caberiam 10 mil.

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