Caso Artur Eugênio: dois dos cinco indiciados pela morte do médico são condenados

Cláudio Amaro Júnior e Lyferson Barbosa pegaram penas de 34 e 26 anos, respectivamente. Defesa pretende recorrer da decisão
FELIPE VIEIRA E RENATA MONTEIRO
Publicado em 26/09/2016 às 5:32
Foto: Foto: Hélia Scheppa / JC Imagem


Depois de cinco dias de julgamento, os dois primeiros acusados pelo assassinato do médico Artur Eugênio Azevedo foram condenados, nesta segunda-feira (26), pela Justiça, no fórum de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Cláudio Amaro Gomes Júnior, 33 anos, ex-estudante de direito, foi sentenciado a 34 anos e quatro meses de reclusão por homicídio duplamente qualificado (por motivo torpe e por não dar chance de defesa à vítima), falsa comunicação de crime e dano ao patrimônio. Lyferson Barbosa da Silva, 27 anos, por sua vez, deverá cumprir 26 anos e quatro meses em regime fechado homicídio duplamente qualificado e dano qualificado. Junto com Flávio Braz de Souza (morto em fevereiro de 2015 em uma troca de tiros com policiais militares), os três foram acusados de serem os executores do crime, que teria como mandante o também médico Cláudio Amaro Gomes – pai de Cláudio Júnior – e a intermediação de Jaílson Duarte César. Os dois recorrem da decisão de serem levados a júri popular.

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Maria Evani de Azevedo Pereira, mãe de Artur Eugênio, se disse satisfeita com o resultado do julgamento. "Foi o que a gente esperava, queríamos que eles pagassem pelo que fizeram. Isso não acaba com a dor da família, pois não vai trazer ele de volta, mas, sem dúvida, ameniza muito. A gente tem a certeza de que eles vão continuar presos, que a Justiça foi feita", desabafou.

"Estou satisfeita com as penas, com os resultados, com a seriedade do conselho de sentença, com essa resposta à sociedade, a essa família enlutada, pois trabalhamos muito nesse processo para estabelecer esse penúltimo grito - pois ainda faltam dois réus serem julgados - de Artur Eugênio.

 

ABAIXO, IMAGENS DE HOMENAGEM A ARTUR EUGÊNIO NA ÉPOCA DO CRIME

Durante a acusação, a promotora Dalva Cabral utilizou um vídeo com trechos de uma reportagem sobre o caso e dos depoimentos de testemunhas e dos acusados. Todo o material consta, na íntegra, nos autos do processo.

A defesa dos réus, no entanto, argumentou que as imagens seriam uma nova prova e, como tal, deveria ter sido anexada aos autos com três dias úteis de antecedência. "Se o conteúdo do vídeo não está no processo o Ministério Público não pode utilizá-lo. As imagens deveriam ter sido apresentadas antes", afirmou Anderson Flexa, advogado de Cláudio Júnior.

Ao solicitar que o pedido dos advogados de Cláudio Júnior e Lyferson Barbosa fosse indeferido pela juíza, a promotora do MPPE citou que, mais cedo, uma imagem retirada do Facebook (e também não inserida ao processo com antecedência) foi usada para tentar cancelar o júri. Os advogados alegaram que os réus teriam sido fotografados durante a sessão, o que também não pode ocorrer. Pouco depois ficou comprovado que a fotografia havia sido tirada em outra ocasião.

Após a análise dos pedidos, a juíza indeferiu a solicitação dos advogados e seguiu com o julgamento. A imagem do Facebook também foi inserida aos autos, conforme solicitado pelo MPPE. Às 22h37, a sessão foi retomada e a defesa iniciou sua tréplica baseada não na solicitação de absolvição, mas na tentativa de tentar reduzir as qualificadoras do crime.

Pouco depois da meia-noite o conselho de sentença se reuniu para decidir a sentença dos réus. Enquanto o conselho estava reunido, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Pernambuco informou que um homem foi preso durante a sessão. A prisão não teria relação com o crime de Artur Eugênio. A assessoria não soube informar o motivo nem o nome do acusado. 

A sentença condenatória só foi proferida depois das 3h. Ao saírem do Fórum de Jaboatão, Cláudio Júnior e Lyferson Barbosa seguiram para o Complexo Prisional do Curado, na Zona Oeste do Recife.

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