O Governo do Estado de Pernambuco deve excluir da Polícia Militar os dois presidentes da Associação de Cabos e Soldados (ACS) até a próxima segunda-feira (19). A informação foi confirmada pela Assessoria de imprensa da Secretaria de Defesa Social (SDS). Alberisson Carlos da Silva e Nadelson Leite Costa respondiam a processos administrativos e chegaram a ser presos em dezembro do ano passado. Eles são acusados de tecer críticas e comentários desonrosos contra o ex-secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, e contra o governador Paulo Câmara em vídeos publicados nas redes sociais.
O texto confirmando a expulsão dos dois líderes foi assinado nesta sexta-feira (16) pelo atual secretário estadual de Defesa Social, Angelo Gioia. No documento, considerando a conclusão do processo administrativo, o secretário afirma que Albérisson e Nadelson "com comentários falaciosos e inconsequentes, aproveitando-se de um momento acirrado de negociações salariais, buscaram tão somente fragilizar a hierarquia e disciplina, pilares básicos da instituição militar, fomentando a insubordinação dos seus membros contra superiores, no caso em tela, contra o Secretário de Defesa Social e contra o mandatário máximo do Estado de Pernambuco, o Excelentíssimo Governador do Estado".
O documento registra também que ainda tramita na Vara de Justiça Militar Estadual uma ação penal na qual os dois líderes da Associação de Cabos e Soldados respondem pelo crime previsto no artigo 166 do Código Penal Militar, que proíbe a publicação ou crítica indevida. O documento que determina a exclusão dos militares da corporação ainda precisa ser publicado no Diário Oficial do Estado para que expulsão seja validada.
Procurado pela reportagem, o presidente da ACS, Albérisson Carlos questionou a conclusão do processo. "Como um processo pode ser finalizado sem ouvir testemunhas? Nem nós (Albérisson e Nadelson) fomos ouvidos. O direito à ampla defesa e ao contraditório não foram garantidos". "Passamos por acompanhamento psicológico, temos de tomar remédio e pedimos, várias vezes, para que o processo fosse parado enquanto o tratamento não acabasse. Lutar contra o Estado causa uma pressão muito grande", afirmou.
Albérisson, de 45 anos, está há 24 anos na Polícia Militar e há três anos é o líder da ACS. O presidente afirma que é perseguido. "Tudo começou em abril do ano passado, quando conseguimos tirar um auxílio transporte e a uma verba para o pagamento das nossas fardas", afirmou. Albérisson e Nadelson chegaram a ser presos no dia nove de dezembro do ano passado, enquanto se preparavam para uma assembleia com a categoria na Praça do Derby, região central do Recife. Os dois foram liberados 33 horas depois, na noite do dia 10. "De toda forma, vamos aguardar a publicação do Diário Oficial para saber o que vai acontecer", finalizou.