Dono do Ponto do Açaí é preso suspeito de mandar atear fogo na Casa do Pará, em Boa Viagem

Três homens foram presos nesta terça-feira (12), suspeitos de participação no incêndio que atingiu uma loja de comidas típicas do Pará, em 20 de janeiro
JC Online
Publicado em 12/09/2017 às 9:57
Três homens foram presos nesta terça-feira (12), suspeitos de participação no incêndio que atingiu uma loja de comidas típicas do Pará, em 20 de janeiro. Foto: Foto: Reprodução/Google Street View


Atualizada às 13h38

Três homens foram presos na manhã desta terça-feira (12), suspeitos de participação no incêndio que atingiu uma loja especializada em produtos típicos da culinária paraense, a "Casa do Pará", em janeiro deste ano. As investigações apontam que Leonardo Emanuel Mendonça Lacerda, de 36 anos, teria sido o mandante do crime. Ele é proprietário da franquia Ponto do Açaí, que tem uma de suas lojas localizada em uma galeria na Avenida Conselheiro Aguiar, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. O estabelecimento é vizinho e concorrente da casa incendiada.

Segundo a delegada Beatriz Leite, da Delegacia Seccional de Boa Viagem, Leonardo estava dentro de casa com a família, no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, quando foi detido. Ele não reagiu e foi encaminhado para a delegacia. Para a polícia, o incêndio foi criminoso. Testemunhas ainda relataram que o empresário costumava discutir com os proprietários das lojas vizinhas.

Os outros dois presos, identificados como João Victor Medeiros da Silva, de 22 anos, mais conhecido como "Lerdo", e José Plínio Bezerra dos Santos, de 24, seriam os executores do crime. O incêndio ainda teria sido praticado por um terceiro homem, como foi flagrado em imagens de circuito de segurança divulgadas em maio deste ano. O acusado é Romildo Soares da Silva, vulgo Tancredo, de 32 anos, que está foragido. A Polícia Civil continua em diligência para cumprir o quarto mandado de prisão preventiva.

Relembre o caso

Um incêndio atingiu, na madrugada da sexta-feira, 20 de janeiro, a loja "Casa do Pará", localizada na Avenida Conselheiro Aguiar, no Bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife. Segundo o Corpo de Bombeiros, o estabelecimento foi completamente destruído pelas chamas.

Ainda conforme a corporação, a ocorrência foi atendida por volta das 2h30 da madrugada e duas viaturas foram encaminhadas para o local. O incêndio só foi controlado cerca de uma hora depois.

De acordo com informações repassadas pelo 19º Batalhão da Polícia Militar, testemunhas relataram que teriam visto três pessoas chegando de moto e jogando querosene no local, ateando fogo.

Vídeo da ação

 

No vídeo, é possível ver quando três homens entram no estabelecimento, por volta das 2h30 da madrugada. Um deles está armado e chega a render um senhor que estava no local. Eles ainda colocam uma moto dentro da loja e, posteriormente, espalham um líquido inflamável por toda a área. No fim das imagens, eles riscam dos fósforos e o fogo se alastra rapidamente. Os três suspeitos e o homem que havia sido rendido saem correndo. Por pouco eles não são atingidos.

Segundo a delegada Beatriz Leite, as imagens foram fundamentais para que pudessem chegar na autoria do
crime. "Romildo foi reconhecido e entregou os comparsas. Em depoimento, ele ainda disse que ateou fogo na Casa do Pará porque apanhou de um dos funcionários, mas no curso das investigações ficou evidente que isso não aconteceu", afirmou.

Investigações

Em entrevista coletiva realizada na manhã desta terça-feira (12), na sede Operacional da Polícia Civil, no Centro do Recife, a delegada Beatriz Leite esclareceu que a motivação do crime foi pela disputa da clientela. "Os pontos são colados e as mesas ficam na mesma calçada. Isso acabava fazendo com que os clientes comprassem o açaí de um local e sentassem na mesa do outro e vice-versa", afirmou.

Ao ouvir testemunhas e funcionários das duas lojas de açaí, a polícia ficou convencida de que Leonardo era o mandante do crime. Ele tinha passagem pelo sistema judiciário, assim como os executores do crime, que já tinham sido presos. "Leonardo já tinha respondido TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) por ameaça. No sistema, ainda consta um BO (Boletim de Ocorrência) por lesão corporal contra ele", revelou a delegada, enfatizando que a investigação deixou claro que o empresário é uma pessoa explosiva.

Todos os suspeitos foram indiciados por incêndio criminoso e encaminhados ao Centro de Triagem Professor Everaldo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, no Grande Recife. Salvo Romildo, que ainda não foi encontrado pela polícia. Os executores também foram indiciados por roubo consumado, pois levaram os pertences do vigia da Casa do Pará durante a ação criminosa. O empresário ainda vai responder judicialmente por coação, por ter continuado ameaçando testemunhas no curso do processo, segundo a polícia.

O prejuízo para os proprietários da Casa do Pará foi de aproximadamente R$ 100 mil. "Um crime dessa natureza poderia ter tido consequências muito maiores. O próprio Ponto do Açaí poderia ter sido atingido pelas chamas, assim como outros estabelecimentos comerciais da galeria", finalizou a delegada.

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