O desaparecimento da estudante de pedagogia Remís Carla Costa, 24 anos, é um mistério. Para família e amigos, ela jamais passaria dias afastada dos parentes por livre e espontânea vontade. A última vez que Remís deu notícias foi no domingo (17), por meio de mensagens com conversas normais com amigos no Facebook, por volta das 12h. O último contato com a mãe, a gerente de restaurante Ruzinete Maria Santos da Silva Costa, também foi domingo, pela manhã. Remís estava no loteamento Nova Morada, na Várzea, Zona Oeste do Recife, na casa do namorado, o pedreiro Paulo César Oliveira da Silva, 24, quando falou com a mãe. Para a Polícia Civil, ele é o principal suspeito de envolvimento no desaparecimento de Remís. O caso está com o delegado Élder Tavares, da Delegacia de Desaparecidos e Proteção à Pessoa (DDPP).
“No domingo de manhã, liguei para ela, disse que estava tudo bem, falei para ela ter cuidado e perguntei por Paulo, se ele estava bem. Nesse momento, o telefone ficou mudo, não tive resposta. A minha preocupação é essa. Eu estava falando com ela, estava tudo bem. Ela falou comigo como se nada estivesse acontecendo, mas quando perguntei por ele, fiz a mesma pergunta três vezes, não tive resposta e o telefonema caiu. Até hoje (sexta-feira) não falei mais com ela”, relatou Ruzinete.
O relacionamento entre Remís e Paulo tinha dois anos e era considerado abusivo por amigos para quem ela confessou recentemente ter sido agredida. Ninguém sabia de nada. A família também não fazia ideia de que Remís poderia sofrer violências. A amiga mais próxima, a professora Jéssica Alves, 27, foi procurada por Remís no dia 23 de novembro. “Ela chegou muito machucada, com um dos braços roxo e marcas vermelhas pelo corpo. Ela dormiu na minha casa e contou que ele a esganava e quebrou três celulares dela. Tinha muito ciúme, entrava no Facebook dela e excluía todos os amigos homens.” Jéssica acompanhou Remís à Delegacia da Mulher no dia 23, com outros dois amigos. Remís prestou queixa e recebeu medida protetiva, mas, segundo a Polícia, Paulo não foi encontrado para assinar a notificação. Ela se afastou dele, mas voltaram a se aproximar no último dia 14.
Paulo César prestou depoimento na quinta-feira (21) depois da queixa por desaparecimento feita pela família de Remís, quarta-feira passada. Segundo a Polícia, foram seis horas de depoimento. Ele negou qualquer tipo de agressão à jovem e afirmou que ela saiu da casa dele no domingo à tarde após uma briga comum. Depois, não soube mais dela.
Na sexta (22), amigos fizeram um protesto na Universidade Federal de Pernambuco, onde Remís estuda, pedindo que a reitoria pressione por celeridade nas investigações. O reitor Anísio Brasileiro terá um encontro com o gestor da Polícia Civil, Joselito Kehrle, na próxima semana, ainda sem data e horário marcados.