Jardineiro se aproveitou da confiança que lhe era dada para matar arquiteta em Olinda

Seguro da confiança que lhe era dada, o assassino fez uma cópia da chave da casa de Maria Alice, sem seu consentimento
Da editoria de Cidades
Publicado em 26/03/2018 às 12:56
Seguro da confiança que lhe era dada, o assassino fez uma cópia da chave da casa de Maria Alice, sem seu consentimento Foto: Foto: Reprodução


O grande coração de Maria Alice dos Anjos, 74, e a confiança depositada no seu jardineiro foram os facilitadores de seu assassinato. A arquiteta e fundadora do bloco Eu Acho é Pouco tinha em seu funcionário, há 4 anos, um braço direito para os afazeres da sua casa. De acordo com a polícia, o rapaz, que é usuário de drogas, estaria subtraindo dinheiro e objetos da casa da vítima para manter seu vício. Após seis horas de interrogatório, Renato Jose da Silva, 28, confessou, no último sábado (24), ter assassinado-a por medo de descobrirem sua autoria nos recentes furtos. Os detalhes foram apresentados pela Polícia Civil, na manhã desta segunda-feira (26).

“Ela tinha a consciência de que ele usava drogas, mas com o sentimento de mãe ela quis ajudá-lo. Quis dar a ele uma oportunidade diferente de vida”, considerou a delegada Andrea Griz, responsável pela Divisão de Homicídios Norte. “Ela andava triste com ele, porque há algum tempo ele pegou uma foto dele com algumas notas altas de dinheiro. Também ela até usou esse termo para os amigos: ‘aluado’. No sentido de que ele estava diferente das outras vezes”, destacou a delegada.

Seguro da confiança que lhe era dada, o assassino fez uma cópia da chave da casa de Maria Alice, sem seu consentimento. Assim, na ausência da vítima, entrava e saía da da casa sem ser necessário arrombar. A última vez que entrou foi no domingo (11) que antecedeu ao crime. Imagens de câmeras de segurança da Secretaria de Defesa Social (SDS) registraram a saída do suspeito da residência, por volta do meio dia, portando sacolas pesadas.

Ao dar falta dos objetos roubados, Maria Alice foi na segunda-feira (12) prestar Boletim de Ocorrência (B.O.). Para garantir, também realizou a troca do cadeado principal de sua casa. A mudança fez com que seu invasor, dessa vez, entrasse pulando o muro. Em depoimento prestado à polícia ele confessou o crime. De acordo com a delegada, na confissão o assassino disse estar se sentindo provocado por Maria Alice.  “Ele disse que há um tempo ela estava deixando muito dinheiro em cima da mesa, até como se quisesse testá-lo. Porque ela sabia que ele era usuário de drogas e precisava de dinheiro para continuar consumindo”, explicou Andrea.

A última invasão ocorreu por volta das 5h30 da manhã da terça-feira, quando o assassino tenta usar a chave que tinha de cópia para entrar na residência. Sem sucesso, o rapaz vai a rua de trás e pula o muro. Maria Alice acorda com o barulho, Vai até a janela e o vê. Segundo a delegada, no depoimento Renato contou o último diálogo da vítima. ‘Agora você vai levar o outro?’- disse Maria Alice, se referindo ao botijão de gás, que seria o segundo furtado.

No relato, o autor do crime contou ter atraído a vítima para o quintal, para que pudesse falar com ele. Inocentemente ela desce, abre a porta e pergunta ‘Cadê você?’. Ao aparecer o assassino a atacou, primeiro imobilizando-a. “Nessa hora ele alegou ter dado uma chave de pescoço, o que faz ela cair no chão machucando os joelhos. Depois ela começou a resmungar e, segundo ele, deu uma pedrada e depois deu o jarro na cabeça de dona Maria Alice”, completou a delegada.

Prisão

A polícia chegou ao assassino após diversas ouvidas, que constataram a posse do aparelho roubado no dia do crime. O receptador do celular, Adriano Henrique da Silva, 28, foi preso em flagrante, mas pagou fiança e vai responder em liberdade. O homem que vendeu o celular de Maria Alice foi identificado como Maxiel Lima da Silva, de 20 anos. A delegada informou que vai abrir portaria para que Maxiel também responder pelo crime de receptação. Os dois receptadores alegam que não sabiam que o celular fruto de roubo.

A prisão de Renato é temporária, até a conclusão do inquérito. Ele está sendo investigado por latrocínio, roubo seguido de morte, e foi encaminhado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife. Durante este tempo, a delegada deverá realizar uma reprodução simulada para saber se Renato agiu só ou houve a participação de outra pessoa.

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