Caso Aldeia: viúva de médico esquartejado quebra silêncio e diz saber quem o matou

Em entrevista exclusiva a TV Jornal, Jussara Rodrigues Paes voltou a afirmar que nem ela e nem o filho teriam sido responsáveis pela morte do médico
JC Online
Publicado em 22/08/2018 às 8:20
Foto: Foto: Luis Oliveira/TV Jornal


Quarenta e seis dias após ser decretada a sua prisão, a farmacêutica Jussara Paes Rodrigues, de 54 anos, decidiu quebrar o silêncio. Uma das principais suspeitas de ter matado o marido, o médico Denirson Paes da Silva, 54, falou em entrevista exclusiva à TV Jornal, que não o matou e que, de acordo com o que foi investigado até o momento, suspeita de quem poderia ter sido o mandante desse crime. 

Presa na Colônia Penal Feminina do Recife desde que foi decretada a sua prisão, no dia 5 de julho, Jussara contou que no dia 31 de maio, Denirson saiu de casa dizendo que iria para um apartamento da família onde ficaria até embarcar para Miami, nos Estados Unidos, no dia seguinte. A farmacêutica explicou que teria desistido da viagem, que aconteceria do dia 2 até o dia 12 de junho, porque o filho mais velho do casal, Danilo Rodrigues Paes, estaria com uma crise de ansiedade e síndrome do pânico. 

Quando questionada sobre a demora para prestar queixa do desaparecimento, que só aconteceu em 20 de junho, ela comentou que o marido já teria viajado outras vezes e não teria dado notícias. "Ele fez isso uma vez quando foi para Nova York e outra quando viajou para Argentina. Agora, ele teria dito três dias antes de viajar que, se desse na cabeça, viajaria para Rússia em seguida para acompanhar a Copa do Mundo", disse.

A desconfiança do desaparecimento se deu, segundo Jussara, após algumas mensagens enviadas para as redes sociais de Denirson. ''A gente falava com ele e nada dele responder. Até meu filho mais velho, como foi sempre mais sentimental, ele disse assim: mamãe, papai não está jogando limpo para a gente. Ai quando foi dia 18 (chorando), eu liguei para a minha cunhada e conversei com a minha família para dizer o que estava acontecendo'', afirmou.

Em meio a entrevista, ela se contradiz, falando que já desconfiava do desaparecimento do médico desde o dia 31 de maio. ''Nesse dia eu saí ás 16h com Danilo porque eu tava nessa situação todinha, sem cabeça. Eu tentei fazer contato com ele, mas até então eu estava tranquila de que ele iria ficar no apartamento até a viagem que seria no dia dois.'' 

Durante as investigações, a polícia não conseguiu ver nas câmeras do condomínio, imagens do médico saindo do condomínio no dia 31 de maio. Mas, nesse dia, foi registrado que Denirson teria pego um boleto na portaria. No entanto, em depoimento, um dos porteiros que trabalha no condomínio onde a residência da família fica localizada, afirmou que Jussara teria ido até a cabine e alterado a data do registro para o mês de junho. ''Eu subi na guarita tranquilamente, estava esse porteiro e um outro. Ai, ele disse que meu marido teria pego o boleto no dia primeiro, e eu disse que estava errado, que nesse dia ele estava no apartamento e que iria viajar. Depois, eu senti que ele ficou meio estranho, e isso me chamou atenção. Ele mesmo pegou a caneta e alterou a data'', contou.

Sobre uma possível separação, a suspeita pontuou que em nenhum momento existiu essa possibilidade, já que o médico, segundo ela, dizia uma coisa e 'desdizia' logo depois. Chorando, Jussara falou que o carinho que o marido tinha pelo filho, era um exemplo para toda a família. ''O amor entre era indiscutível'', declarou. 

A farmacêutica voltou a afirmar que, nem ela e nem o filho, teriam matado Denirson. ''Se tivesse acontecido alguma luta corporal com o meu marido, os vizinhos não iriam ouvir?'', questionou.

Ao final da entrevista, Jussara conta que sabe quem teria esquartejado Denirson. ''A pessoa que assassinou o meu marido conhecia a minha casa muito bem, conhecia a minha rotina. Essa pessoa sabia. Eu não posso dizer o nome, porque a investigação corre em segredo de justiça, mas eu tenho plena certeza de quem pode ter cometido esse crime'', pontuou.

Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
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Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
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Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
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Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
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Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
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Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
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Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
- Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
Foto: Luis Oliveira/TV Jornal
- Foto: Luis Oliveira/TV Jornal

O caso

O caso teve início quando a farmacêutica, Jussara Rodrigues Paes, registrou um boletim de ocorrência no dia 20 junho sobre o desaparecimento de seu marido. Nos registros, a mulher afirmava que o médico teria viajado para fora do país e não teria voltado.

Durante as investigações, a delegada Carmem Lúcia Silva de Andrade, desconfiou da participação da esposa e de um dos filhos do casal, um jovem de 23 anos, no desaparecimento do médico. No último dia 4 de julho, a Polícia Civil solicitou um mandado de busca e apreensão na residência da família, localizada no Condomínio Torquatro Castro, no Km 12 de Aldeia, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife.

Lá, o corpo do cardiologista foi encontrado em um poço em avançado estado de decomposição. A esposa e o filho e encaminhados para a Delegacia de Camaragibe para prestar esclarecimentos e autuados por ocultação de cadáver logo em seguida.

As informações apontaram que o corpo do médico apresentava sinais de esquartejamento e que produtos químicos teriam sido usados para tentar ocultar o odor da decomposição.

Perícia

No dia 5 de Julho, durante coletiva de imprensa, a perícia do Instituto de Criminalística (IC) informou ter encontrado vestígios de sangue e sinais de uma tentativa de ocultação de crime na residência onde morava o cardiologista.

Segundo o IC, o sangue foi encontrado em dois banheiros e em um corredor da casa, localizada em um condomínio em Aldeia. Os vestígios foram detectados a partir do uso de uma substância chamada de lumminol.

Prisão decretada

Após serem encaminhados para a Delegacia de Camaragibe e autuados por ocultação no mesmo dia em que o corpo do médico foi encontrado, a farmacêutica Jussara Rodrigues Paes e o filho mais velho do casal, o engenheiro civil Danilo Rodrigues Paes, passaram por audiência de custódia no Fórum de Jaboatão dos Guararapes no dia 5 de julho.

Os suspeitos foram inicialmente liberados, durante audiência de custódia, para responder em liberdade e tinham sido isentos da aplicação de fiança no valor de R$ 954 mil. Mas, ao final da sessão, uma reviravolta: a Polícia Civil chegou ao Fórum com um mandato de prisão temporária expedido pela justiça.

Resto do corpo encontrado e sepultamento

Os trabalhos do Instituto de Criminalística (IC) e do Corpo de Bombeiro continuaram logo após uma parte do corpo do médico Denirson Paes Silva ter sido encontrado. No último dia 12 de julho, em coletiva, a Polícia Civil informou que 90% do corpo do cardiologista foi encontrado. A cabeça e o tronco do cardiologista fizeram parte da última leva de restos mortais encontrados. As buscas foram finalizadas no mesmo dia.

No dia 28 de julho, o corpo do médico foi sepultado em sua terra natal, em Campo Alegre de Lourdes, no interior da Bahia. O enterro aconteceu no mesmo dia, em um cemitério do município.

Depoimento de porteiro

Em meio às investigações, a defesa dos suspeitos divulgaram detalhes do depoimento de um dos porteiros do condomínio no último dia 30 de julho. De acordo com o documento, o funcionário contou a Polícia Civil que Jussara Rodrigues Paes, pediu que ele alterasse a data de um documento afirmando que o médico recebeu uma correspondência na manhã do provável dia do assassinato.

Em seu testemunho, o porteiro Diego Francisco de Melo explicou que a farmacêutica discutiu com ele alguns dias depois, pedindo que a data do recebimento da carta fosse alterada do dia 31 de maio para 1° de junho. Ao se recusar, a própria Jussara teria mudado a data no documento.

O funcionário afirmou que os registros de recebimento de correspondências fazem parte do protocolo do condomínio. No entanto, as afirmações descritas no depoimento do porteiro foram negadas pelo advogado dos suspeitos, Alexandre Oliveira.

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