O Policial Militar, lotado no 13º BPM, que atirou contra os dois filhos na manhã deste domingo (2), no Cordeiro, Zona Oeste do Recife, já estava afastado da corporação e fazia tratamento contra o alcoolismo há cerca de um mês. O delegado Adyr Almeida, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ainda revela que o suspeito tem um perfil agressivo e já havia ameaçado os vizinhos e familiares de morte.
A arma usada para disparar contra os filhos, uma pistola 380, era a mesma que o sargento amedrontava os vizinhos que reclamassem do som alto que ele costumava ouvir. "Ninguém na rua gostava dele. E quando os filhos não vêm gostar do pai, tem alguma coisa errada", contou um vizinho da família à reportagem da TV Jornal.
Com fortes indícios de alcoolismo, o PM prestou depoimento ao delegado ainda nesta manhã, quando foi preso em flagrante. "Ele estava com a fala embolada e um odor forte de bebida alcoólica. Teve que ser ouvido em outra sala para não atrapalhar o funcionamento da delegacia", comentou Adyr Almeida. Em relato à polícia, o sargento disse que "não tinha intenção" de atirar nos filhos e que disparou "só para assustá-los".
O advogado do suspeito, Alexandre Neto, afirma que seu cliente teria atirado na parede para assustar os filhos, mas o tiro acabou pegando no braço do mais velho, Moisés Francisco Carvalho Filho, de 27 anos. "Foi acidental, ele não atirou com o objetivo de acertar os filhos", defendeu o advogado.
Sobre o disparo contra o outro filho, Diego Lima Carvalho, de 24 anos, que veio a óbito na tarde deste domingo, o advogado comenta que o sargento fazia o socorro de Moisés Francisco, quando se assustou com a chegada do outro, e atirou, acertando o abdômen do rapaz. "Ele nem sabia que tinha atingido o outro filho", pontuou a defesa.
A audiência de custódia deve acontecer nesta segunda-feira (2), quando o sargento será ouvido e sentenciado ou não, pelos crimes que é suspeito de cometer. Enquanto isso, ele segue detido no Centro de Reabilitação da Polícia Militar de Pernambuco (CREED).
Após ser baleado pelo próprio pai, Diego Lima Carvalho, de 24 anos, não resistiu aos ferimentos e faleceu no Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, na área central do Recife. O irmão dele também foi ferido.
Diego foi atingido por um disparo de arma de fogo, que acertou o abdômen dele. De acordo com a assessoria da unidade de saúde, ele não resistiu às complicações causadas pelo tiro, mesmo após passar por cirurgia para a retirada do projétil.
Já Moisés Francisco Carvalho Filho, 27 anos, foi atingido no braço e encaminhado para o Hospital Getúlio Vargas (HGV), no bairro Cordeiro. A família informou que Moisés também passou por uma cirurgia, para a retirada do projétil no braço, e passa bem.
Segunda a Polícia Civil, os disparos teriam sido efetuados enquanto os filhos do policial Moisés de Lima Carvalho tentavam impedir uma briga entre o PM e a esposa, mãe dos dois. Segundo familiares, ele seria alcoólatra e as brigas entre o casal eram constantes, sempre havendo agressão contra a mulher.
Diego Lima Carvalho e Moisés Francisco Carvalho Filho, 27, estariam insatisfeitos com o pai e teriam decidido que o PM já não moraria na mesma casa que a mãe deles. Ainda de acordo com a família, um dos filhos estaria tirando os pertences do pai da casa, quando teve início a confusão.
O PM foi levado para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), também no Cordeiro, onde foi autuado em flagrante por tentativa de homicídio.