O engenheiro Danilo Paes, 23 anos, acusado de participar da morte do pai, o médico Denirson Paes, resolveu falar abertamente sobre o caso pela primeira vez, após ser liberado do Complexo Prisional do Curado, Zona Oeste do Recife, de onde saiu desde dezembro do ano passado.
"Passei cinco meses preso em um lugar terrível, acusado de ter feito algo terrível que é ser acusado da morte do próprio pai", relata o jovem, que ainda lamenta a grande perda que sofreu do "pai, da família, e de boa parte dos amigos".
Os relatos foram registrados em uma gravação de vídeo caseiro, onde o engenheiro aparece com o semblante tranquilo e sereno. "Sou inocente e jamais seria capaz de fazer algo desse tipo de que estão me acusando", conta o rapaz.
Ainda segundo ele, a equipe de investigação da polícia teria feito um "trabalho irresponsável e sem credibilidade", que o tornaram dono de uma imagem que não condiz com o que ele é. Danilo também culpou a imprensa por passar uma "imagem horrorosa" dele.
"Essas pessoas que vivem me prometendo o mal em redes sociais, me atacando, me xingando, xingamentos ofensivos, não conhecem 1% da minha personalidade, quem eu sou, o que eu já fiz, o que eu pretendo fazer da minha vida", desabafou.
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Sobre o relacionamento familiar, o rapaz relata que a convivência do médico Denirson Paes com a esposa Jussara Paes, acusada pelo crime, era de fachada . "O problema que ele tinha era com minha mãe, eu não tinha desavença com ele, era um problema conjugal deles. Era óbvio e claro para quem estava na casa ou frequentava, que eles não formavam um casal há muito tempo. Viviam de aparências, mas isso era entre eles", conta Danilo. Sobre a relação extraconjugal que o médico Denirson mantinha, o filho relata nunca ter tido conhecimento do assunto.
A relação entre pai e filho, segundo o acusado que tenta defender sua inocência, era de "respeito, muito amor e de carinho".
O crime, que segundo as investigações policiais foi cometido por Jussara, é definido por Danilo como um "pesadelo". "Jamais pensei que ela seria capaz de fazer algo daquele tipo. Depois que ela confessou, foi um baque para mim. Não consigo acreditar até hoje. Só quero que ela pague pelo que fez, pelo dano que causou não só contra meu pai, mas à toda família, principalmente a mim, por não falar a verdade, dizendo mentiras", confessou o engenheiro.
"Eu acredito muito em Deus, na justiça, e que ela seja feita. Que eu possa acordar logo desse pesadelo que estou passando", finaliza o rapaz, que responde pelo crime em liberdade, por não apresentar riscos às investigações.
Assista o vídeo
Relembre o caso
O corpo do médico foi encontrado esquartejado na casa da família, em Aldeia, em julho do ano passado. Nove dias após desenterrar do fundo do poço os primeiros pedaços dos membros inferiores, seguidos de partes dos superiores, a polícia encerrou as buscas, ao localizar – em uma profundidade superior a 25 metros – cabeça e tórax.
Apesar da Polícia Civil ter apontado no inquérito os dois como os autores do crime, Jussara confessou, no dia 3 de setembro, ter assassinado e esquartejado o marido sozinha. A motivação teria sido a descoberta de um caso que o médico tinha.
Segundo o inquérito policial, apresentado no dia 30 de agosto, o médico foi esganado ainda na cama e carregado do quarto do até um corredor próximo ao quiosque, onde foram dadas pancadas que afundaram o seu crânio. A partir daí, começou o esquartejamento. Com um serrote, a coluna de Denirson foi cortada em duas partes, e o corpo foi dividido em pedaços. Segundo o exame tanatoscópico, houve ainda a tentativa de carbonizar os restos mortais do médico num local próximo a cacimba. A carbonização não foi concluída.
De acordo com peritos, Jussara teria ido em dois locais para comprar material de construção e para pegar uma pessoa que a auxiliou na quebra da casinha. Mesmo sem saber do assassinato, esta pessoa teria ajudado Jussara na ocultação do cadáver- colocando os entulhos da casinha na cacimba onde os restos mortais do médico foram encontrados. “É precoce eu falar se daria para ela fazer sozinha o ato. Mas utilizamos um indivíduo que se aproxima em altura e peso com o Denirson para tentarmos fazer o fato o mais equiparado possível com o que aconteceu e conseguimos tirar algumas dúvidas, e somar com coisas já confirmadas”, destacou o perito Fernando Benevides.