Um crime premeditado, cometido por um homem frio. Assim a polícia entende o feminicídio da jovem Thayslane Beatriz Teixeira da Silva, de 22 anos, que teve 70% do corpo queimado pelo ex-companheiro, identificado como Ariclenes Pessoa dos Santos, 28. O homem foi preso nessa quarta-feira (29) na casa de parentes, no município de Goiana, no Grande Recife. O crime aconteceu na noite do dia 12 de janeiro em Itaquitinga, na Zona da Mata pernambucana. A vítima passou 15 dias internada, antes de falecer na última terça-feira (28), no Hospital da Restauração (HR), no Recife.
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De acordo com o delegado Aldeci José da Silva, responsável pelo caso, o suspeito foi localizado a partir de informações recebidas pela polícia. O homem, que não ofereceu resistência à prisão, teria negado o crime. Segundo a versão do suspeito, após uma briga do casal, ele teria jogado gasolina e ateado fogo nas roupas da vítima, que estavam em cima da cama. A vítima, então, teria se queimado tentando apagar as chamas.
A versão de Thayslane é diferente. À família, a jovem contou que o ex-marido, com quem tinha um relacionamento desde a adolescência, jogou o combustível diretamente no corpo dela, porque não aceitava o fim do relacionamento. "Ela iria se separar e havia conseguido um emprego no Recife. A briga aconteceu no domingo e ela disse que iria trabalhar na segunda-feira. Quando tomou conhecimento, ele não aceitou e terminou cometendo esse crime", afirma o delegado.
O conflito entre o casal teria começado em uma festa. Após a briga, Thayslane teria ido para casa. A polícia acredita que foi nesse momento que Ariclenes deixou a festa e saiu para comprar gasolina. O incêndio aconteceu logo depois de o suspeito chegar na casa.
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OUTRA VERSÃO
O corpo de Thayslane foi velado e enterrado nessa quarta-feira, em Itaquitinga. Antes do velório, na Câmara Municipal, a família realizou um protesto, pedindo justiça. Familiares e amigos reclamaram da demora pra prender o suspeito. O delegado Aldeci José da Silva justificou, afirmando que a primeira versão apresentada pela própria vítima era de que havia ocorrido um acidente. "Não ter contado logo no início o que realmente aconteceu atrapalhou as investigações. Poderíamos ter autuado ele em flagrante", argumentou o delegado. Segundo ele, Thayslane não chegou a ser ouvida, porque o estado de saúde piorou.
A polícia solicitou ao Instituto de Criminalística (IC) a reprodução simulada do crime, para esclarecer os detalhes. Ariclenes, que não tinha passagem pela polícia, foi preso preventivamente pelo crime de feminicídio. O inquérito segue em aberto para apurar se houve outras transgressões.