Atualizada às 21h14
Em janeiro de 2020, 335 pessoas foram assassinadas em Pernambuco, uma média de 10,8 homicídios por dia. O número é 14,3% maior que o registrado no mês de dezembro de 2019, quando foram contabilizados 293 homicídios. Quando comparado com o mesmo período do ano anterior, janeiro de 2019, o crescimento é de 9,8%. Com isso, a tendência de queda nesse tipo de crime experimentada por 25 meses consecutivos foi interrompida.
Quando os números de janeiro de 2020 são comparados com os de janeiro de 2019, a Zona da Mata registrou 72 mortes, um aumento de 16,13%, o maior índice entre todas as macrorregiões de Pernambuco. Em janeiro de 2019 houve 62 homicídios na região.
Leia mais: Da tragédia de 2017 à redução dos homicídios. O que mudou em Pernambuco
Leia mais: Recife registra 325 homicídios a menos em 24 meses
Leia mais: 2019 foi 4º ano com menos homicídios em Pernambuco desde o início do Pacto pela Vida. Veja números
Já no Agreste, os assassinatos tiveram um acréscimo de 12%. Saíram de 75 para 84 crimes, enquanto o Sertão e a Região Metropolitana do Recife (RMR), exceto a capital, registraram alta de 8,82% (de 34 para 37 homicídios) e 8,14% (de 86 para 93 assassinatos) a mais de crimes contra a vida, respectivamente.
A capital pernambucana registou 49 mortes em janeiro de 2020, contra 48 crimes em janeiro de 2019. O crescimento é de 2%, o menor entre as macrorregiões de Pernambuco.
Os percentuais de aumento são maiores em todas as macrorregiões, quando comparado a dezembro de 2019. A Mata Pernambucana teve uma alta de 18% ao sair de 61 para 72 homicídios. O crescimento desse tipo de crime no Agreste foi de 16,6%, após o número de assassinatos subir de 72 para 84.
O Sertão e a Região Metropolitana do Recife (RMR), exceto a capital, tiveram crescimento de 5,7% (de 35 para 37 homicídios) e 6,9% (de 87 para 93 assassinatos) a mais de crimes contra a vida, respectivamente.
O Recife registrou 49 mortes em janeiro de 2020, contra 38 crimes em dezembro de 2019. O crescimento é de 28,9%, o menor entre as macrorregiões de Pernambuco.
Para José Maria Nóbrega, professor de Ciência Política da Universidade de Campina Grande e especialista em segurança pública, o cenário está longe do ideal. "Isso demonstra bem que não há motivo para comemorar as últimas reduções nos homicídios não só em Pernambuco, mas no Brasil de uma forma geral. Qualquer descuido faz com que esses números voltem a crescer. O tolerável é 10 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes", explica.
Nóbrega citou os anos em que o Pacto Pela Vida teve seus melhores números, mas ainda assim frisou que foram índices bem distantes do aceitável. "Nunca tivemos uma taxa dessa, sempre foi uma taxa cinco, seis, sete vezes superior ao tolerável. Entre 2007 e 2013 tivemos uma redução expressiva, com cerca de 33 a cada 100 mil habitantes, mas nunca chegou em 10. Num mês você ter 335 assassinatos, quando na verdade o máximo para um estado como Pernambuco, para estar sobre controle, seria 900 por ano. Os problemas continuam. São 25 meses de redução, ótimo, mas são muito aquém do limite do tolerável", disse.
Seguindo o crescimento no número de assassinatos, os casos de feminicídio, quando a vítima é morta apenas por ser mulher, também tiveram aumento quando comparado com dezembro de 2019. Ao todo, seis mulheres foram vítimas desse tipo de crime, o que representa uma alta de 20% em relação ao número de casos notificados no mês anterior, quando cinco mulheres foram assassinadas com essa mesma motivação.
Quando considerado o mês de janeiro de 2019 para efeitos de comparação, o número de feminicídios em Pernambuco teve uma retração de 33,3%. No primeiro mês de 2019, nove mulheres foram mortas por sua condição de gênero, enquanto em janeiro de 2020, o número de vítimas foi seis.
Em entrevista ao Balanço de Notícias, da Rádio Jornal, o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Antônio de Pádua, afirmou que o aumento era possível "em algum momento depois dessa longa série" de redução. Segundo o secretário, o governo já está empregando ações para que o número de homicídios volte a diminuir.
"De qualquer forma, chama a atenção porque é um aumento em relação ao ano anterior. Já foram tomadas algumas medidas de contenção e trabalho de policiamento ostensivo, a exemplo da Operação Forte, da Polícia Militar, lançada no início do mês com recompletamento de 500 novos policiais militares. Também fizemos a contratação de mais 400 agentes de polícia, que já estão nas delegacias, trabalhando em cima de inquéritos. Nós acreditamos que a retomada da redução com certeza virá ao longo do ano de 2020", explicou.