A boa notícia de hoje, Dia Mundial da Conscientização do Autismo, vem da aprovação do projeto de lei que protege a pessoa com transtorno do espectro autista. O texto, de autoria da mesa diretora da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), foi sancionado ontem, em primeira discussão, e reconhece a necessidade de as pessoas com autismo receberem tratamento individualizado, oferecido por profissionais de várias áreas da saúde, em unidade especializada, além do acesso gratuito a medicamentos. Conhecido como transtorno invasivo do desenvolvimento, o autismo acomete até 1% da população. No mundo, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), são cerca de 70 milhões de pessoas com a síndrome. Desse universo, 2 milhões são brasileiros.
A proposta também obriga as redes de educação pública e privada a incluir no ensino regular os alunos que convivem com a síndrome, que pode comprometer o desenvolvimento afetivo, social e cognitivo. Através de suporte familiar, psicopedagógico, terapêutico e medicamentoso (em alguns casos), a criança e o adulto com autismo podem ter qualidade de vida. É o caso do pequeno Caio Dircksen Dutra, 5 anos, que recebe acompanhamento para desenvolver habilidades sociais e comunicativas.
“Ele também faz natação, fonoterapia e musicoterapia. Deu um salto grande no desenvolvimento. Está uma criança mais sociável e com maior capacidade de expressar o que deseja e o que sente”, conta a mãe de Caio, a dona de casa Karla Dircksen Dutra, 36. Quando o médico deu o diagnóstico de autismo para a criança, ela ficou assustada por não conhecer a síndrome. “Só sabia de aspectos muito negativos propagados pelo preconceito. Achava que as crianças com autismo eram agressivas e pouco emotivas. Mas isso não procede. Caio, por exemplo, é muito tranquilo e transborda amor.”
O depoimento de Karla elucida a bandeira que muitos especialistas carregam: não dá para aplicar rótulos quando falamos sobre autismo. Afinal, com estímulo e acompanhamento adequado, as crianças com esse transtorno invasivo do desenvolvimento são capazes de realizar atividades como outras sem a síndrome. Apenas precisam de um apoio especializado ao longo do processo de aprendizado e desenvolvimento.
A criança com autismo, por exemplo, pode apresentar atraso na fala e dificuldade para iniciar ou manter uma conversa. Nem por isso, ela deixa de se expressar. “Muitas conseguem ter uma linguagem não verbal e, se trabalhamos essa habilidade, elas conseguem se comunicar no ambiente familiar, na escola e na vida social”, diz a fonoaudióloga Alessandra Sales da Silva, coordenadora da Clínica Somar, que fica na Torre, Zona Oeste do Recife. A unidade oferece suporte, com apoio de vários profissionais da área de saúde e educação, a crianças com o transtorno.
Graças a um apoio especializado, o garoto João Miguel, 5, passou a se relacionar e a fazer um melhor uso da comunicação. “Ele agora atende quando o chamamos e até verbaliza o que deseja fazer. Também apresenta um melhor desenvolvimento escolar. O fato de conseguir pegar no lápis é uma vitória para ele”, diz o pai do menino, o teólogo Otacílio Silva Filho, 35, que se enche de orgulho do filho. “A cada dia, ele me ensina a ser um homem melhor e mais humano”, finaliza.
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