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Quando o Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) decidiu acolher o paraibano Carlos Antônio dos Santos Freitas, 28 anos, sabia que estava abraçando um desafio imenso. Conhecido como Carlinhos, o jovem, que chegou à unidade de saúde com 420 quilos, é o paciente mais pesado atendido até hoje pelo hospital, que realiza cerca de 100 cirurgias bariátricas por ano. Passado o primeiro mês de internamento do rapaz, a equipe do HC sente que tem alcançado o objetivo da primeira fase do tratamento: preparar Carlinhos para se submeter à cirurgia bariátrica, que deve ser realizada no início de 2016.
Ao mobilizar médicos de mais de 10 especialidades, além de outros profissionais da área de saúde, o HC conseguiu atingir a primeira meta da assistência: controlar as feridas infectadas nas pernas e o edema nos membros inferiores causados por retenção de líquido. “Quando eu apalpava as pernas de Carlinhos para examinar o edema, a marca do meu polegar demorava a desaparecer, o que não acontece mais”, diz o chefe do Serviço de Cirurgia-Geral do HC, Álvaro Ferraz.
Os ganhos são verificados a olhos nu: “Houve diminuição do volume dos membros inferiores e percebemos que ele se cansa menos quando realiza os exercícios de fisioterapia. É um sinal de melhora no condicionamento cardiovascular e um bom parâmetro para indicarmos, lá na frente, a cirurgia bariátrica com menos riscos de complicações”, diz a gerente de Atenção à Saúde do HC, Ana Caetano.
Não dá para saber quantos quilos Carlinhos perdeu até agora porque balanças tradicionais não suportam o peso dele. Ao fazer medições de partes do corpo do jovem, já se verificou que o tratamento está sendo eficaz. “Nesse caso, a medição da circunferência do braço é o parâmetro para avaliarmos se há perda de peso. Em um mês, o braço diminuiu cinco centímetros”, informa a nutricionista Cristiane Marrocos.
O foco da assistência terapêutica agora é reforçar o trabalho de fortalecimento muscular para que, em breve, os profissionais possam tentar levantar Carlinhos, que tem como maior sonho voltar a andar. Fisioterapeutas do HC estão desenvolvendo um equipamento que será usado em atividades de reabilitação. “Não desistimos de usar o guindaste oferecido pelo Hospital Esperança e já usado para transportar um paciente com superobesidade. Só utilizaremos primeiramente o equipamento que está sendo criado pelos fisioterapeutas para, em seguida, usar o guindaste, que ajudará a mobilizar Carlinhos”, justifica Álvaro.
Relações públicas da Associação Paraibana dos Bariátricos (entidade que mobilizou o HC para receber Carlinhos), Aderlene da Silva confirma que o jovem está menos inchado. “É gratificante ver que ele está sendo bem assistido pelo hospital.” Ela acrescenta que a preocupação dos profissionais vai além do tratamento da obesidade. “Como ele não sabe ler, a enfermeira-chefe e uma fisioterapeuta pensam em levar um professor para o hospital para tentar alfabetizá-lo”, relata Aderlene, que já fez companhia a Carlinhos no HC por alguns dias.