No momento em que foi fotografado para a reportagem, Mateus, 2 meses e 18 dias, segurou um brinquedo pela primeira vez. “Isso foi muito importante, pois mostra o quanto ele tem evoluído com as terapias que tem realizado. Uma das médicas que o atendeu disse que não devemos perder tempo para procurar ajuda. É nisso que temos apostado”, conta a bancária Isabel Albuquerque, 37 anos, mãe de Mateus, diagnosticado com microcefalia na sala de parto.
Na Associação Novo Rumo, o menino faz sessões de terapia ocupacional e fisioterapia. Hoje inicia atendimento com fonoaudióloga. Essas atividades realizadas tão cedo são valiosas para bebês que apresentam a mesma condição de Mateus e recebem o nome de estimulação precoce. “Para essas crianças que têm a chance de realizar terapias nos primeiros meses de vida, tudo fica mais fácil. Precisamos acreditar no poder da reabilitação”, diz a médica geneticista Paula Arruda, diretora-executiva da Associação Novo Rumo, que oferece estimulação precoce a três bebês com microcefalia. A instituição, que fica no bairro de Casa Amarela, Zona Norte do Recife, é reconhecida por atender crianças com deficiências, atraso no desenvolvimento e síndrome de Down. “Não somos referência para atender os bebês com microcefalia, mas estamos de portas abertas para receber as famílias que procuram ajuda”, acrescenta Paula.
A mãe de Mateus lembra que, aos três meses de gestação, apresentou manchas vermelhas na pele – um dos sintomas da zika. Os especialistas esclarecem que nem todas as mulheres que desenvolvem a doença na gestação darão necessariamente à luz um bebê com microcefalia. É o caso da servidora pública Carolina Leal, 28 anos, mãe de Olívia, 1 mês e 13 dias. Na gravidez, ela teve um quadro típico de zika e, em seguida, foi diagnosticada com Guillain-Barré – síndrome neurológica que provoca fraqueza muscular. “Minha filha nasceu com o tamanho da cabeça normal. É bem saudável”, conta Carolina.