Saúde

Mais de 80 mil registros de pessoas que adoeceram com sinais de arboviroses em Pernambuco

Notificações feitas este ano dão a impressão de que o risco de adoecimento por dengue, chicungunha e zika está fora do controle

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 14/04/2016 às 6:04
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Notificações feitas este ano dão a impressão de que o risco de adoecimento por dengue, chicungunha e zika está fora do controle - FOTO: AFP
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Há meses Pernambuco tem reforçado a força-tarefa para combater criadouros do Aedes aegypti e o risco de adoecimento coletivo pelas arboviroses, mas a impressão que se tem é que a situação permanece fora de controle. Os números refletem como não se consegue frear a tríplice epidemia: já se acumulam 80.327 registros de pessoas que adoeceram com sintomas de dengue, chicungunha e zika este ano no Estado. No mesmo período de 2015, quando ainda só casos de dengue eram notificados (muitos eram quadros de zika não identificados), foram 44.764 registros de suspeitas da doença. 

“Infelizmente os casos de arboviroses continuam a aumentar, e ainda há boa parte da população suscetível ao adoecimento. Além dos novos vírus (chicungunha e zika), o Estado tem os quatro sorotipos de dengue: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4”, diz a coordenadora do Programa de Controle de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Claudenice Pontes. Enquanto desponta no mapa da grande tríplice epidemia e no epicentro da microcefalia, Pernambuco passa por um processo de adaptação ao cenário inusitado de um ano que provavelmente baterá o recorde em relação a complicações trazidas por um mosquito que provoca epidemias desde a segunda metade da década de 1980 no Recife.

A febre hemorrágica da dengue, que – até pouco tempo – preocupava médicos e autoridades de saúde como complicação mais séria da dengue, não é mais uma apreensão isolada. As manifestações neurológicas e psiquiátricas que acompanham os pacientes que evoluem para as formas mais graves das arboviroses, especialmente chicungunha e zika, deixam especialistas em alerta. “As complicações têm aparecido em todas as faixas etárias. Entre os adultos jovens, há um grupo que pode apresentar quadros neurológicos e outros, pneumonite, que é a inflamação do pulmão pelo vírus. Nos idosos, há descompensação da doença de base (hipertensão e diabetes, por exemplo) pela chicungunha”, informa o clínico-geral Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde. 

Até agora, foram registrados 193 casos das formas graves das arboviroses no Estado. “Mas sabemos que esse número deve ser bem maior. Ainda não há um sistema de notificação para esses agravamentos, que estamos chamando de síndrome neurológica atribuída a arboviroses”, salienta Claudenice. Nesse cenário dos quadros mais graves, também desponta uma incógnita: como cuidar desses pacientes para que não evoluam para o óbito? “Nos casos de dengue, a hidratação favorece a recuperação do doente, mas ainda não sabemos se o mesmo manejo é eficaz para os casos graves de chicungunha, por exemplo. Estamos avaliando”, finaliza Claudenice. 

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