Geriatra fala sobre importância de as cidades se tornarem amigas dos idosos

Médico desenvolve trabalho em Veranópolis, a única cidade brasileira que já cumpriu primeira etapa para se tornar amiga dos idosos
Cinthya Leite
Publicado em 27/08/2016 às 6:14
Médico desenvolve trabalho em Veranópolis, a única cidade brasileira que já cumpriu primeira etapa para se tornar amiga dos idosos Foto: Divulgação


O geriatra Emílio Moriguchi, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, fala sobre o trabalho de Veranópolis (RS) para ganhar o título de amiga do idoso. 

JC – Como as cidades brasileiras têm acolhido os idosos? 

EMÍLIO MORIGUCHI – A Organização Mundial de Saúde tem cadastrado mais de três mil cidades no mundo que se candidatam para receber o título de amiga do idoso, o que exige seguir todo um processo. Primeiramente, é preciso diagnosticar como é a cidade em relação às condições de saúde, questões socioeconômicas, acessibilidade e políticas municipais para idosos. A única cidade brasileira que já cumpriu essa primeira etapa foi Veranópolis (município do Rio Grande do Sul com 28 mil habitantes. Desses, 16% são idosos), o que gerou um plano de trabalho (para receber o título). Os idosos solicitaram mais segurança e, por isso, foi planejada uma política que já está sendo executada. 

JC – Como Veranópolis entrou nesse ranking? 

MORIGUCHI – Calçadas, ruas e iluminação foram melhoradas. Além disso, todos os edifícios públicos ganharam rampas. Na cidade, os locais com risco de queda têm corrimão, mesmo nas ruas. É mais trabalhoso fazer isso nas grandes cidades, não apenas por causa do tamanho, mas também pela dificuldade política. Nem todos os gestores são interessados nos idosos. Veranópolis tem um trabalho voltado para o envelhecimento há mais de 20 anos. Desde 1994, a cidade conta com projetos de longevidade. É preciso ter continuidade. O Brasil é um dos países onde se envelhece mais rápido e, por isso, teria que se pensar nisso, mas infelizmente não vejo iniciativas serem levadas a sério. 

JC – Qual a maior dificuldade enfrentada pelos idosos? 

MORIGUCHI – Há queixas em relação a questões de segurança e acessibilidade. Eles são muito visados na saída dos bancos, por exemplo. Outro detalhe é que, muitas vezes, os ônibus não são adaptados para esse público. E em outras situações, o motorista não espera o idoso atravessar a rua. Ainda faltam respeito e educação.

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