A Enchente estreia no Teatro Hermilo Borba Filho

Espetáculo promove simbiose entre performance e outras linguagens
Márcio Bastos
Publicado em 16/03/2016 às 6:00
Espetáculo promove simbiose entre performance e outras linguagens Foto: Danilo Galvão/Divulgação


Como traduzir para o palco um texto escrito através de movimentos? Como materializar no corpo o caráter etéreo da literatura? Esses foram alguns dos desafios enfrentados pela diretora Flávia Pinheiro na adaptação do conto A Enchente, que estreia na quinta-feira (17), às 20h, no Teatro Hermilo Borba Filho. Resultado do projeto O Solo do Outro, o espetáculo trabalha com fotos e vídeos, buscando uma simbiose entre performance e outras linguagens.

Inspirada no texto homônimo de Hermilo Borba Filho, a obra é construída em cima de um trabalho colaborativo que, além de Flávia, reuniu em cena as bailarinas Gardênia Coleto, Marcela Aragão e Marcela Filipe. “Essa é uma das melhores coisas de editais como este: permitir o intercâmbio de experiências entre artistas que trabalham em companhias diferentes ou têm linhas de pesquisa e atuação distintas”, aponta Pinheiro.

Para dar vida ao universo proposto pelo dramaturgo pernambucano, Flávia, com o auxílio do músico argentino Leandro Oliván, iniciou pesquisa iconográfica, tendo como fio condutor alguns símbolos relacionados ao conto e à vida de Hermilo.

“Trabalhamos com os acervos e a falta deles. Essas ‘ausências’ foram importantes porque o que não encontramos serviu para pensarmos outras possibilidades, como, por exemplo, a de imaginar Hermilo na foto de um menino em um engenho, ou usar registros de cheias no Recife e em Palmares para fortalecer esse universo poético”, contou a diretora.

O conto que inspirou o espetáculo é curto – pouco mais de uma página – e é fortemente imagético, recurso que foi aproveitado na construção da dramaturgia corporal, capitaneada por Maria Paula Costa Rêgo. Cenas como uma mulher sozinha no escuro, em meio à fúria da natureza, água na altura dos joelhos, sentimento de impotência, desespero: tudo foi usado para a construção dos movimentos. “É uma performance que propõe um olhar menos óbvio sobre cenas aparentemente banais, mas carregadas de significados”, conclui. 

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