50 anos

Paixão de Cristo de Nova Jerusalém mudou economia de Fazenda Nova

Espetáculo movimenta as finanças de Fazenda Nova e incentiva o mercado local

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 12/04/2017 às 21:02
Acervo da Sociedade Teatral de Fazenda Nova/Reprodução
Espetáculo movimenta as finanças de Fazenda Nova e incentiva o mercado local - FOTO: Acervo da Sociedade Teatral de Fazenda Nova/Reprodução
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Além do legado artístico e da reflexão religiosa à qual normalmente está associada, a Paixão de Cristo de Nova Jerusalém também tem uma ligação intrínseca com a economia. Sua origem, em Fazenda Nova, inclusive, decorreu da necessidade de movimentar os negócios locais. Esse objetivo, de certa forma, foi atingido, principalmente com o início das temporadas em Nova Jerusalém, há 50 anos. Hoje, o espetáculo movimenta não só o distrito, que pertence ao município de Brejo da Madre de Deus, como também as cidades do entorno, no Agreste pernambucano.

Político e empresário, Epaminondas Mendonça modificou seu destino – e o de Fazenda Nova – em 1951, quando leu sobre o espetáculo da Paixão realizado em Oberammergau, na Alemanha. Ele se interessou pelo caráter econômico do evento e resolveu investir na mesma ideia, dinamizando os negócios da região. No mesmo ano, ia às ruas o Drama do Calvário. A ideia, no entanto, ganhou corpo com a abertura de Nova Jerusalém, em 1968, quando a Paixão de Cristo passou a movimentar milhões direta e indiretamente.

Com economia voltada para a agropecuária e o comércio, Brejo da Madre de Deus costuma ganhar novo fôlego na Semana Santa. Por envolver grande parte da cidade, especialmente os moradores de Fazenda Nova, a prefeitura e o Governo do Estado, através da Empetur, têm buscado, nos últimos anos, fortalecer não só o espetáculo, como também os negócios e atividades do entorno. Entre as ações está o investimento em infraestrutura para os comerciantes e turistas. A Arena da Paixão, próxima à cidade-teatro, concentra, principalmente, negócios voltados à culinária e ao artesanato. Já a Vila da Paixão consiste em shows e apresentações culturais na cidade, a fim de intensificar o fluxo de visitantes para além da cidade-teatro.

“A Paixão é o principal evento e acontece de forma ininterrupta há 50 anos, proporcionando a cada temporada um aquecimento econômico local e regional”, explica Geovani Barbosa, secretário de turismo do Brejo. “São mais de mil empregos diretos, dentro das muralhas do Teatro, e mais de três mil temporários, diretos e indiretos, em todos os aspectos e setores, desde o comerciante que vem de outros municípios, aos que moram no local”, reforça.
No setor hoteleiro, o impacto também é sentido: para a Semana Santa, 100% dos leitos do Brejo estão ocupados. No entorno, o ganho é similar: Caruaru a taxa de ocupação é de R$ 85,5%; 80% em Bezerros e 79,5% em Gravatá.

PARA ALÉM DA SEMANA SANTA

Fortalecer o turismo na região para além do período da Semana Santa é um desafio para o poder público e para os comerciantes locais. Tânia Gulde, que comanda a Pousada da Paixão, dentro das muralhas de Nova Jerusalém, tem investido na dinamização das atividades. Durante todo o ano, promove jantares temáticos, remetendo à Galileia da época de Cristo.

“A região é rica em atrações, tanto o espetáculo quanto outras modalidades, como o turismo de natureza. É importante que a se gente fortaleça e torne o local um ponto turístico do estado”, reforça Tânia.
Entre as áreas para turismo de natureza, estão Pedra do Cachorro, Serra do Ponto (1.212m de altitude), a Cachoeira de Sobradinho e da Arara, o Mirante da Serra da Prata, além da Mata do Bitury. Outro destino de destaque da região é o Parque das Esculturas Dr. Nilo Coelho, aberto durante todo o ano, com 60 hectares, que contém 39 esculturas em pedra retratando o cotidiano do povo nordestino. Na temporada da Paixão, o fluxo de visitantes aumenta cerca de 200%.

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