Os fotógrafos Breno Laprovítera, Jarbas Júnior, Saulo Cruz (DF), Michel Moch (FRA) e Kadu Niemeyer (RJ), neto do arquiteto Oscar Niemeyer, estão juntos em um projeto cheio de sutilezas. O grupo participa da criação do livro Documento Marianne Peretti, que registra 60 anos da trajetória artística desta parisiense radicada em Pernambuco, responsável pela criação dos vitrais da Catedral de Brasília, entre várias outras obras. A publicação faz parte de um grande projeto sobre a artista, realizado pela produtora B52 Cultural em parceria com a Atenarte e diversos apoiadores. "Estou esperando com muita curiosidade", afirma Marianne sobre sua expectativa em relação ao livro, com simplicidade e um sorriso no rosto.
Além do cuidado necessário para retratar a obra de uma grande artista - que até então não tinha nenhum livro sobre sua trajetória -, o trabalho dos cinco fotógrafos no projeto tem uma questão específica: as características do vitral. Kadu Niemeyer saiu do Rio de Janeiro até Pernambuco de jipe, concretizando uma viagem que o avô arquiteto queria ter feito. Ele explica que era preciso encontrar um jeito de fotografar em que o reflexo dele e do equipamento não aparecessem, mas que os reflexos característicos da obra fossem mantidos. "Se eu fizer uma coisa muito certinha, dentro de um cubo, as pessoas não vão nem identificar que obra é aquela, que está exposta em uma cidade, com outra cor, outra luz", completa.
Breno e Jarbas fotografavam as obras no Recife e em Brasília. "Brasília foi feita para Marianne. É interessante notar como a obra dela dialoga com a de outros artistas com frescor, como a de Athos Bulcão. Brasília foi a oportunidade para ela se expressar com toda a força", completa Jarbas.
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Além dos cinco fotógrafos, textos de sete críticos e especialistas estão no livro, que será bilíngue (português, francês). Em maio, uma viagem a Paris será feita para concluir a parte fotográfica da publicação e começar a produção do documentário que faz parte do projeto - também formado por uma exposição. "Queremos ir nas escolas de arte onde ela estudou. Filmar depoimentos no café em que ela encontrava pessoas como Jean-Paul Sartre, pessoas para quem Marianne fazia ilustrações quando era muito jovem", afirma a produtora Tactiana Braga.
Em uma viagem anterior, quando foi conversar com a pesquisadora Veronique David, Tactiana passou uma semana procurando uma obra específica de Marianne. E a encontrou em uma Escola Técnica de Eletricidade, em uma pequena rua. "Ninguém sabia que aquela era uma obra de uma grande artista, porque ela não estava assinada e as luzes estavam desligadas. Hoje eles estão encantados, querendo que ela volte lá. É o único vitral dela em Paris e uma das primeiras obras, tem um grande valor artístico", completa a produtora.
O texto completo está no Caderno C desta terça-feira (16/4), no Jornal do Commercio.