'As Aventuras de Pi', de Ang Lee, chega aos cinemas

O filme conta a história de Pi Patel, filho de um dono de zoológico na Índia, que mbarca num navio rumo ao Canadá
Agência Estado
Publicado em 20/12/2012 às 9:46
O filme conta a história de Pi Patel, filho de um dono de zoológico na Índia, que mbarca num navio rumo ao Canadá Foto: Foto: Divulgação


Um enorme tigre de Bengala, um menino, ambos em um bote perdido no mar imenso, sol e chuva, fome e medo - e fé. Eis os ingredientes deste incrível "As Aventuras de Pi", de Ang Lee, adaptado de um livro de Yann Martel, aqui publicado pela Nova Fronteira. A história é relatada por Pi já na meia-idade (Irrfan Khan) a um jornalista em busca de uma narrativa que o faça acreditar em Deus.

A aventura é a do próprio Pi Patel, filho de um dono de zoológico na Índia. Pi na verdade se chama Piscine Patel, mas prefere ser confundido com a letra grega Pi, aquele número que define a razão entre o perímetro de uma circunferência e seu diâmetro (qualquer estudante conhece o famoso 3,14... etc.). É um número irracional, pode se estender ao infinito e era tido como sagrado na Antiguidade. Assim, o garoto prefere ser associado a um dos mistérios da matemática que à mitológica Piscina Molitor, em Paris, tão admirada por seu pai que o inspirou na escolha do nome do filho.

O fato é que os negócios do zoo vão mal e é preciso tentar vida em outro país. A família embarca num navio rumo ao Canadá, mas ventos e tempestades mudam os projetos humanos. Após uma tempestade, o jovem Pi se verá num bote de salvamento em companhia de uma zebra, um orangotango fêmea, uma hiena e o tal tigre de Bengala que, aliás, tem nome e prenome: chama-se Richard Parker.



Em entrevista, Ang Lee contou que conheceu essa história e encantou-se por ela, mas, de certa forma, temia filmá-la, pois antevia as dificuldades em transformar o material literário em cinema de estrutura sólida. Optou pelo 3D porque este serviria à fantasia e também porque seria um desafio a mais para este cineasta que vive de enfrentá-los.

O taiwanês Ang Lee de fato encara qualquer tipo de gênero. Tornou-se conhecido com o pequeno filme de costumes "Banquete de Casamento" (1993). O humanista "Comer, Beber, Viver" (1994) de certa forma seguia o anterior. Mas em seguida, vamos encontrá-lo adaptando Jane Austen em "Razão e Sensibilidade" (1995). Em seguida, "Tempestade de Gelo" (1997), imersão radical no mal-estar norte-americano, para alguns o seu melhor filme e, se não for o melhor, o mais duro e implacável.

"O Tigre e o Dragão" (2000), que lhe dá o Oscar, é sua visita ao mundo das artes marciais. A "volta" ao Ocidente se dá com um inesperado "Hulk" (2003), mas a grande surpresa estava por vir no trabalho seguinte - "O Segredo de Brokeback Mountain", o famoso filme dos caubóis gays que lhe deu o Leão de Ouro em Veneza em 2005. Em 2007, ele se volta para uma trama totalmente oriental, "Desejo e Perigo", que, de novo em Veneza, o torna um raro diretor que pode colocar dois Leões de Ouro na estante.

Agora chega com esse estranho arrasa-quarteirão, que é um filme de aventuras, mas também meditação metafísica. Pura diversão, mas que faz pensar. Pensamento, mas que emociona. E diverte.

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