Um dos filmes mais indicados a premiações esta temporada, Birdman ou (a inesperada virtude da ignorância) (Birdman or (the unexpected virtue of ignorance), EUA/CAN, 2014), estreia finalmente esta quinta-feira (29/1) nas salas de cinema brasileiras. Indicado a nove prêmios pela Academia de Hollywood (Oscar); nove pela Academia britânica (Bafta); e a sete pela crítica internacional (Globo de Ouro; levou dois), o longa-metragem surpreende exatamente por ser uma obra mais complexa do que aparenta, que tira onda com a própria indústria do entretenimento, disputando a atenção – e o interesse – do público com trabalhos bem mais convencionais.
Dirigido pelo mexicano Alejandro González Iñárritu (dos dramas Amores brutos, 21 gramas, Babel, Biutiful), Birdman faz uma incursão na história da dramaturgia americana por excelência para contar a história de ator que ficou famoso na pele de um super-herói dos quadrinhos, mas sucumbiu e tenta se recuperar na carreira (e na própria vida) montando um espetáculo na Broadway adaptado do conto What we talk about when we talk about love (o que nós dizemos quando falamos de amor), de Raymond Carver (1938-1988).
Com uma montagem eficaz que simula um plano-sequência, o filme acompanha o dia a dia do ator Riggan Thomson (Michael Keaton) tentando montar sua versão para a obra de Carver - que ele mesmo roteirizou - em meio a divagações etéreas, e até fantásticas, sobre a adaptação, seus próprios passado e futuro e a própria existência no sentido mais amplo.
Quase um All that jazz: o show deve continuar do século 21, Birdman sacramenta a maturidade de Iñárritu como autor, que, com este longa, candidata-se a aspirante a novo Robert Altman (que, diga-se de passagem, também adaptou Carver em Short cuts: cenas da vida). Uma obra, como sugere seu próprio universo, para ser vista num processo de imersão.
Leia a crítica completa na edição desta quarta-feira (28/1) do Caderno C do Jornal do Commercio.