Ingra Lyberato deixa comissão de seleção do Oscar

A atriz de 49 anos decidiu sair do posto por conta da legitimidade questionada por grande parte de nossa classe
Do Estadão Conteúdo
Guilherme Sobota
Publicado em 26/08/2016 às 13:37
A atriz de 49 anos decidiu sair do posto por conta da “legitimidade questionada por grande parte de nossa classe” Foto: Divulgação


A atriz Ingra Liberato, 49, comunicou sua decisão de deixar a Comissão Especial responsável por indicar um longa-metragem como candidato brasileiro ao Oscar 2017. "Como a comissão tem sua legitimidade questionada por grande parte de nossa classe, me retiro em respeito a minha própria tribo, lamento profundamente esse conflito e torço para que nova comissão encontre legitimidade", escreveu a atriz em sua página no Facebook.

A decisão ocorre um dia depois de o cineasta Guilherme Fiúza Zenha divulgar sua própria retirada. "Há alguns dias comecei a sofrer por causa da retirada de alguns filmes preciosos. Estou diante da minha classe insatisfeita e clamando por justiça. Minha função diante da arte que me construiu nessa existência é atuar e escrever histórias. Não estou escolhendo um lado porque já o tinha feito desde sempre: Sou contra o golpe que impediu e retirou o governo eleito democraticamente, de suas funções", justificou a atriz.

A decisão ocorre dois dias depois de que diretores de filmes candidatos à indicação - Gabriel Mascaro (Boi Neon) e Anna Muylaert (Mãe Só Há Uma) - retiraram suas próprias candidaturas. A retirada ocorreu em defesa do filme Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que no início da semana recebeu a classificação indicativa para maiores de 18 anos no Ministério da Justiça.

Em um post de quinta-feira, 25, Ingra comentou que aceitou fazer parte da comissão "por pura devoção ao cinema, porque não ganhamos cachê para esse serviço e por enquanto estamos todos aguentando firmemente o que deveria ser um prazer, mas está sendo um peso de tirar o sono".

Comissão - Compõem a Comissão Especial Adriana Rattes, Luiz Alberto Rodrigues (Beto Rodrigues), George Torquato Firmeza, Marcos Petrucelli, Paulo de Tarso Basto Menelau, Silvia Maria Sachs Rabello e Sylvia Regina Bahiense Naves - além de Guilherme Fiuza Zenha e Ingra Liberato. As inscrições se encerram no próximo dia 31 de agosto, e o anúncio do resultado será no dia 12 de setembro.

Dos nomes da comissão, é o do crítico Marcos Petrucelli o que vem causando mais discussões no meio audiovisual. Em seu perfil no Facebook, Petrucelli faz desde maio reiteradas críticas pessoais a Mendonça Filho, e também ao protesto feito pela equipe dele contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff, no último Festival de Cannes. "Vergonha é o mínimo que se pode dizer sobre a equipe e o elenco de Aquarius", opinou na data do protesto.

Cinco dias depois, postou: "Então foi assim: filme feito com dinheiro público vai a Cannes representar o Brasil e não leva prêmio algum. Ou seja, a mentira sobre o suposto golpe no País por meio de frases em papel A4 no tapete vermelho não adiantou muito além de expor o Brasil ao ridículo."

MINC - Em nota na quinta (25), o Ministério da Cultura do governo interino comentou o caso, reiterando a confiança na comissão especial. "A comissão é formada por nomes de reconhecida reputação e conhecimento técnico, que passaram, inclusive, pelo crivo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Destaca-se que a seleção do filme representante será feita à margem de critérios de natureza política, sendo inócua a criação de ambiente de pressão ou constrangimento com vistas a favorecer ou prejudicar qualquer produção. Passada a etapa de seleção, o Ministério estará engajado na torcida para que nosso filme figure entre os cinco finalistas", diz o texto.

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