Herança cai no colo de Samantha Schmütz

Salário apertado, dívidas que não param de chegar, contas que não fecham. Para ir ao trabalho, ônibus lotado. Às vezes, mais de uma condução. Na hora do almoço, aquela marmita fria que levou de casa e não conseguiu esquentar. A maioria dos brasileiros fazem verdadeiros malabarismos para tocar a vida, principalmente no quesito financeiro. Mas, e se de repente você amanhece com R$ 30 milhões no bolso que precisam ser gastos em 30 dias? É neste universo que está inserida a história da frentista Selminha (Samantha Schmütz), protagonista da comédia nacional Tô Ryca, que estreia nesta quinta-feira (22) nos cinemas de todo o Brasil.

Escrita pelo roteirista Fil Braz, que coleciona em seu currículo o blockbuster nacional Minha Mãe é Uma Peça – O Filme (2013) e a redação dos humorísticos da TV fechada Vai Que Cola, Ferdinando Show e Não Tá Fácil Pra Ninguém (este último protagonizado pela própria Samantha, todos no Multishow), Tô Ryca é dirigida por Pedro Antonio.
 
Além de trazer Samantha Schmütz na linha de frente do longa, o elenco traz grandes nomes do humor atual como Katiuscia Canoro, Fabiana Karla, Marcus Majella e Marcelo Adnet. Ainda há as participações especiais de Mauro Mendonça e Marília Pêra, em sua última aparição inédita no cinema dando vida a Madame Claude.

No estilo “sou pobre, mas me divirto”, a Selminha que Tô Ryca apresenta é, acima de tudo, uma brasileira nata, que mora no subúrbio e passa por vários perrengues. A empatia da personagem se completa com a presença de sua melhor amiga Luane (Katiuscia). As duas demonstram uma química de amizade muito forte em cena, que vai além das câmeras.

No momento que Selminha recebe o desafio, deixado por seu tio milionário, de gastar R$ 30 milhões em 30 dias para receber a herança de R$ 300 milhões, a frentista se vê deslumbrada e perdida com tanto dinheiro. Mas Luane não se ilude e, como toda a melhor amiga, tenta abrir os olhos para alertá-la sobre o que realmente importa.

Além da química de Samantha e Katiuscia, Fabiana Karla (Marilene) e Marcus Majella (Ulisses) demonstram afinidade na telona propiciando boas tiradas (e até surpresas).

CRÍTICA SOCIAL

Contudo, mais que um filme de comédia, o longa busca fazer uma crítica social. E isso fica nítido na solução que Selminha encontra para “torrar a grana” do desafio: investindo em campanha eleitoral para prefeita. Ao se lançar como a candidata do povo, por vir de baixo e conhecer os problemas que as classes menos favorecidas possuem, o embate com o “representante da família brasileira” Falácio Fausto (Marcelo Adnet) expõe, de forma exagerada, o cinismo de muitos políticos desse tipo que conhecemos. E é brincando e falando sério sobre questões sociais e políticas que Tô Ryca cumpre seu principal papel: o de entreter.