Festival de Cannes começa a fazer suas primeiras apostas

A segunda (14) ainda contou com a volta de Spike Lee ao festival com a exibição de 'Blackkklansman'
Da AFP
Esther Sanchez
Publicado em 14/05/2018 às 18:58
Spike Lee é diretor de obras de forte caráter político, como 'Malcolm X' e 'Faça a Coisa Certa' Foto: Yann Coatsaliou/AFP


O diretor americano Spike Lee apresentou nesta segunda-feira (14) no Festival de Cannes "Blackkklansman", enquanto vários filmes começam a se destacar na corrida para a Palma de Ouro, como um drama familiar japonês ou um elegante romance polonês ambientado na Guerra Fria.

Na metade do Festival de Cannes, a imprensa destaca alguns filmes que poderiam levar o prêmio máximo, embora ainda não haja um favorito claro.

"Shoplifters", do japonês Hirokazu Kore-Eda, um complicado drama familiar, arrancou os aplausos do público em sua apresentação à imprensa nesta segunda-feira. "Simplesmente belo", disse Xan Brooks, do britânico The Observer. "O melhor Kore-Eda em anos", destacou David Ehrlich, do IndieWire.

Entre os filmes que sobressaem está também "Cold War", do polonês Pawel Pawlikowski. O autor do vencedor do Oscar "Ida" voltou a utilizar o preto e branco nesta história de amor impossível com a Guerra Fria de fundo. Um romance contado "com beleza, profundidade, sentimento, sutileza, romantismo e dureza", segundo o crítico do El País, Carlos Boyero. 

O chinês "Ash is purest white" também se destaca entre as apostas. Este poderoso retrato de uma mulher apaixonada por um gângster, em uma China abandonada, "é um grande afresco histórico" com "um impressionante trabalho de imagem", segundo o crítico francês Philippe Rouyer, da Positif. 

"Leto", do russo Kirill Serebrennikov, e "Three Faces", do iraniano Jafar Panahi, ambos ausentes do festival por não poderem sair de seus países por questões políticas, também estão entre os filmes mais cotados. "Selvagem, vertiginoso e com frequência desconcertante", disse a Variety sobre o filme, que conta a vida da estrela de rock soviética Viktor Tsoi. Para o jornal francês Le Monde, o filme sobre três atrizes iranianas é uma obra de "minimalismo virtuoso".

Por outra parte, a lenda do cinema francês Jean-Luc Godard, de 87 anos, na competição com "Le livre d'image" e ausente do festival, chamou a atenção sobretudo pela estranha coletiva de imprensa que deu, através da tela de um telefone celular. No entanto, a crítica deu uma boa pontuação ao filme, uma sucessão de imagens que evocam principalmente o mundo árabe e a guerra.

A volta de Spike Lee 

Enquanto Godard esteve sete vezes na competição oficial, 10 diretores estão concorrendo à Palma de Ouro este ano pela primeira vez, algo incomum em uma competição que costuma ser criticada por selecionar sempre os mesmos cineastas.

Até o anúncio do prêmio, no sábado, ainda serão exibidos os filmes de vários pesos pesados da sétima arte.

O diretor americano Spike Lee apresentou nesta segunda-feira "Blackkklansman", baseado na história real de um policial afro-americano infiltrado no Ku Klux Klan. 

No tradicional tapete vermelho, Lee desfilou com um smoking original com detalhes dourados e tênis esportivos com um pé de cada cor, um branco e um preto, onde se podia ler o título de seu filme.   

Com este filme, o cineasta, conhecido por seu ativismo em nome da comunidade afro-americana, volta à competição, 27 anos depois de "Febre da Selva".

O italiano Matteo Garrone é um dos assíduos do festival. Esta vez apresenta "Dogman", sobre um tosador de cães que torturou e assassinou em 1988 um ex-boxeador que se tornou líder de uma gangue.

Dos 21 filmes na disputa, só três foram dirigidos por mulheres: a francesa Eva Husson, com "Les Filles du Soleil" (As Filhas do Sol), sobre um batalhão de combatentes curdas, a italiana Alice Rohrwacher e a libanesa Nadine Labaki.

Este ano o Festival, o primeiro depois do escândalo envolvendo o produtor Harvey Weinstein, tem uma ênfase feminista. 

Nomeou um júri de maioria feminina, presidido por Cate Blanchett, e no último sábado, quase uma centena de mulheres que trabalham na indústria do cinema, lideradas por estrelas como a própria atriz australiana, Marion Cotillard e Salma Hayek, exigiram no tapete vermelho "igualdade salarial" entre homens e mulheres, em um protesto histórico.

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