Confinadas em um presídio de segurança máxima desativado, cercado pela floresta amazônica, 12 pessoas estão prontas para participar de um reality show. Mas, ao perder o contato com a produção do programa, elas passam por situações incomuns. Entre os personagens da minissérie Supermax (Globo), que estreia na terça-feira (20/9), está o ex-lutador de MMA Luisão, interpretado pelo pernambucano Bruno Belarmino.
Supermax é uma produção dos mesmos criadores da série O Caçador (2014): José Alvarenga Jr. (que também é o diretor-geral da atração), Marçal Aquino e Fernando Bonassi. Na TV, ela será exibida após a minissérie Justiça, às terças-feiras. Mas quase todos os episódios já estão disponíveis para assinantes do Globo Play - apenas o último será transmitido simultaneamente na TV e internet.
"Supermax envolve o terror psicológico. Imagina te colocarem em uma situação de isolamento, com outras pessoas de quem você não conhece nada?", questiona Bruno Belarmino.
O ator participou da seleção que a equipe da série fez pelo Brasil. "Em São Paulo, tive a chance de fazer um teste quando faltava uma semana para encerrar. Foi muito especial. No dia em que peguei o roteiro, estava em casa, li e pensei: 'Só não faço este personagem se eu morrer agora'", lembra Bruno.
A cena em questão, ele explica, era a de um breve desabafo do personagem. "Como todo lutador profissional, ele é extremamente disciplinado. Luisão é um sujeito pacato, ele não se expõe muito. Para um lutador, saber sentir a presença do outro é crucial. Ele tem essa característica de ter um silêncio abissal, é mais concentrado. É um personagem muito misterioso, muito contundente, guerreiro", descreve o pernambucano.
Bruno já tinha contato com o mundo da luta antes de ser chamado para interpretar Luisão, por praticar boxe em São Paulo como uma maneira de canalizar energia. Como parte do processo de criação dos personagens, ele lembra de um dos exercícios feitos em conjunto pelo elenco: "A gente deixava tudo apagado e só sentia os cheiros. Então, quando eu senti o cheiro de erva-cidreira, chorava e lembrava de alguém da família, do sítio em que sentia esse cheiro pela manhã".
Também fazem parte do elenco Mariana Ximenes, Cleo Pires, Erom Cordeiro, Rui Ricardo Diaz, Nicolas Trevijano, Ravel Andrade, Maria Clara Spinelli, Ademir Emboava, Fabiana Gugli, Vania de Brito e Mario César Camargo. Eles trabalharam em uma estrutura construída pela Globo especificamente para a série. O presídio cenográfico tinha celas, refeitórios e banheiros. "Tudo lá era em tamanho natural, tinha a bancada para dormir, o colchão, as divisórias. Tivemos reações muito espontâneas, no processo de filmagem só ficava a equipe. A gente ficava isolado mesmo, passava dez horas ali dentro, saía de noite. Foram cinco meses gravando", afirma Bruno, antes de completar que sente saudade daquele período.
"Ao longo de meses, o presídio foi a nossa segunda casa e a preparação para esta maratona foi fundamental. Brinco que foi um crossfit Supermax", comenta o ator Erom Cordeiro, que interpreta o ex-policial Sérgio, no material de divulgação da série.
Coincidentemente, Erom também está em outro projeto no qual Bruno Belarmino trabalhou recentemente, a série Natureza Morta, produzida pelo canal CineBrasilTV, e participou do longa-metragem relacionado ao momento em que o pernambucano firmou sua ideia de seguir profissionalmente o caminho da atuação. "Trabalhei com Erom há sete anos, no filme Paraísos Artificiais. Naquela época tomei a decisão e depois viajei para São Paulo. A gente trocou uma ideia e eu disse: 'Da próxima vez que eu te vir, vai ser trabalhando como ator'. E na série Natureza Morta também tem Nanda Costa, que se tornou uma parceirona minha. Ela deve estrear em 2017".
Além de Supermax e de Natureza Morta, nos últimos tempos Bruno se envolveu em outros projetos, como o filme O Matador. As filmagens do primeiro longa-metragem original brasileiro da Netflix, realizadas no interior de Pernambuco, possibilitaram algo simbólico para Bruno, que remete às primeiras experiências dele com a atuação, a partir do contato que teve com o teatro no Centro de Cultura Luiz Freire. "A gente acabou formando um grupo teatral. A primeira vez em que estive em um palco profissional foi na Bahia, no Teatro Vilha Velha. Esse mesmo grupo foi para a aldeia Xucuru, em Pesqueira. Na época, em pensava: Será que um dia vou ser ator mesmo, como profissão? Agora voltei para lá, 20 anos depois, para fazer cinema, já maduro. Tive uma participação pequena no filme, mas bem interessante".