"Ninguém sobrevive sem um grande amor", diz Claudia Raia

Uma mulher extravagante, muito generosa e "mandachuva" em um universo majoritariamente masculino. A breve descrição de Salete, vivida por Claudia Raia, foi o suficiente para despertar a curiosidade da atriz. E fazer com que aceitasse o papel criado por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari para A Lei do Amor, novela das 21h da Globo. "Depois de 32 anos de carreira na televisão, o que me faz dizer sim para um personagem é ele ser completo, como a Salete é", comemora a atriz, que completou 50 anos no último dia 23. 

O futuro de Salete é promissor. "Ela vai se tornar prefeita, uma política honestíssima, a melhor que há no mundo. E vai conseguir furar todo o esquema de corrupção da cidade. Vai vir 'chumbo grosso' em cima dela, com certeza. O Hércules (Danilo Granghéia) é o vice", adianta Claudia, que não vê esperanças para o atual cenário político nacional. "Estou bem desacreditada. Não imagino que existam políticos honestos no Brasil. Talvez em outras partes do mundo, mas não consigo ver essa luz aqui. Para onde quer que eu olhe, vejo decepção", desabafa. 

Claudia não vê Salete como uma simples dona de posto de gasolina, que eventualmente se relaciona com seus frentistas. "São mais ingredientes que o telespectador possa imaginar. Ela é alguém que se relaciona com homens mais novos, mas não é só isso. Na verdade, é uma heroína. Uma mulher livre, solteira, uma alma maravilhosa", defende. Por falar em relacionamento, a mãe de Jéssica (Marcella Rica) e Flavia (Maria Flor) vai se apaixonar pelo frentista Gustavo (Daniel Rocha). "Eles vão ter uma história de amor", limita-se a dizer, mas emenda. "A lei do amor é a lei da vida. Ninguém sobrevive sem um grande amor". 

A atriz é uma "ladra de cenas" nata. E quando vive uma personagem como Salete, parece chamar ainda mais a atenção do telespectador. A começar pelo sotaque do interior de São Paulo. "Surgiu para ela. E trouxe uma coisa muito honesta, algo que faz você acreditar nela. Foi bom resgatar isso, acho que trouxe uma simplicidade bacana", diz. A "pegada" de humor também ajuda a calibrar o papel. Mas Claudia insiste que a empresária não é uma personagem engraçada. "Ela conversa com a comédia, mas vai do trágico ao cômico. É um papel riquíssimo, delicioso de fazer. Salete é muito solar, mas não é comédia", defende.

DANDO VIDA A SALETE

A preparação para viver Salete foi completamente diferente de todas que já tinha vivido em outros trabalhos, segundo ela. O responsável pelo elenco foi Eduardo Milewicz. "Nunca tinha trabalhado com ele, mas amei. Fiquei muito feliz, porque ele me tirou de uma zona de conforto. Depois de 32 anos de televisão, uma pessoa me deixou sem saber o que fazer, me fez pensar em algo novo", relembra. 

O figurino é outro ponto alto no trabalho. As unhas pintadas com esmalte rosa estiveram entre as mais desejadas pelas telespectadoras do canal em novembro. A roupa é outro capítulo à parte. "É absolutamente maravilhoso o figurino dela. Toda de jeans, parece que ficou parada nos anos 1980. Ela usa delineador azul, cabelo vermelho, sutiã de renda aparecendo, umas argolas de acrílico, tudo é fantástico", completa, aos risos.