Chama a atenção na novela Novo Mundo, da Globo, a irreverência do personagem Dom Pedro, interpretado por Caio Castro. Mulherengo e até um pouco ingênuo, o príncipe se destaca pelas suas aventuras amorosas. Porém, o ator garante que o interesse pela política e pelo povo brasileiro é uma característica marcante que ainda será mostrada na trama de Thereza Falcão e Alessandro Marson. É bom lembrar que Dom Pedro foi o primeiro Imperador do Brasil.
"Ele tinha muito orgulho de ser um Bragança e a vontade de assumir o trono do pai era grande, mas Dom João (Leo Jaime) não confiava nele. Esse lado mulherengo talvez desse um pouco de insegurança para o pai. Mas era um cara muito focado nessa parte política de cuidar de um país que ama muito", defende Caio.
Para compor Dom Pedro, Caio fugiu de representações anteriores do personagem. Ele sentiu necessidade de fazer algo diferente e garante que o desafio maior é apresentar uma interpretação humana e interessante, uma vez que não existe nenhuma referência audiovisual do verdadeiro Dom Pedro para se espelhar, apenas relatos históricos. "Não vi nenhum antes. Eu procurei fugir de qualquer contaminação boa ou ruim. Então, não tenho a menor ideia do que foi feito antes", afirma.
Todo mundo conhece, mesmo que superficialmente, o triângulo amoroso entre Dom Pedro, Leopoldina (Letícia Colin) e Domitila (Agatha Moreira). Para Caio, a relação com a primeira esposa era fraternal, mas a paixão fulminante por Domitila abala o que o casal havia construído nos primeiros anos do matrimônio.
"A relação deles é linda, mas bem diferente da que ele tem com outras mulheres. Dom Pedro tem um sentimento fraternal por ela. Além disso, o sangue real também importa muito. Já com as outras ele tem uma atração carnal, gosta de conquistar. Mas não teria uma outra princesa para colocar no lugar da Leopoldina", acredita.
Três fatores fizeram Caio aceitar o convite para dar vida a Dom Pedro em 'Novo Mundo'. Primeiro: o entusiasmo com que o diretor artístico, Vinícius Coimbra, e os autores lhe falaram do projeto Segundo: com quem ele contracenaria. Terceiro: a oportunidade de fazer o sotaque português. Para o ator, mais do que o período histórico, foi o sotaque que o convenceu a dizer sim à chance de viver o personagem. E, para ser realista, Caio viajou a Portugal para fazer laboratório.
"O que mais me encantou foi a paixão com que o Vinícius, a Thereza e o Alessandro falaram dessa novela e do Dom Pedro. Eles também me contaram sobre as atrizes que iam interpretar a Leopoldina e a Domitila. Aí eu perguntei se podia ter sotaque e eles falaram ok. Então, perguntei se podia criar algo mais irreverente e essa era justamente a ideia deles. Sem dúvida, esses três fatores me fizeram aceitar o convite", revela.
Como parte da preparação, Caio leu alguns livros sobre Dom Pedro como '1808', de Laurentino Gomes; e 'A Carne e o Sangue', de Mary Del Priore. Embarcando no universo do personagem, o ator diz ter se surpreendido com o fato de que Dom Pedro era epilético. "Fiquei surpreso com esta informação e a gente retrata isso na novela. Tem algumas cenas em que ele tem um ataque", relata.
Apesar do amor à profissão, Caio comenta sobre o período em que se afastou da tevê, após 'Fina Estampa' (2011/2012). O ator conta que, na época, precisou dar um tempo na carreira para viajar e se redescobrir. Quando voltou, em 'Amor à Vida', em 2013, ele diz ter entendido qual era o valor do seu trabalho.
"Isso foi em 2011. Já tem seis anos. Eu resolvi dar uma brecada para rever o que estava fazendo. Era muito trabalho, não tinha tempo para descansar. Depois desse ano, fiz 'Amor à Vida' e pude reverberar o que tinha acontecido e qual era realmente o meu ofício", confessa.
Envolvido com a novela atual, Caio não consegue eleger uma cena que tenha sido mais difícil de realizar até o momento em 'Novo Mundo'. Ele assegura que faz com o mesmo respeito uma sequência longa ou apenas uma fala.
"Tem um ditado que diz: o leão ataca o coelho e o elefante com a mesma vontade. Não existe cena mais ou menos importante. Todas têm que ter respeito igual e serem levadas a sério. Mesmo que seja um oi, mas dê o melhor oi da sua vida", conclui.