Apresentador é acusado de matar animal para forjar denúncia no Fantástico

Documentário americano diz que Richard Rasmussen pagou para pescadores matarem boto cor de rosa; biólogo defende-se
JC Online
Publicado em 08/05/2017 às 9:44
Documentário americano diz que Richard Rasmussen pagou para pescadores matarem boto cor de rosa; biólogo defende-se Foto: Foto: Divulgação


Mais famoso apresentador de natureza do Brasil, o biólogo Richard Rasmussen está sendo acusado de pagar pela morte de um boto rosa para, desta forma, conseguir imagens chocantes para uma reportagem no Fantástico. A acusação é feita no documentário norte-americano A River Below (Um Rio Abaixo, em português), exibido no final do mês de abril no Festival de Cinema de Tribeca, em Nova York.

O diretor Mark Grieco teve a ideia de fazer o documentário após ver imagens de Rasmussen, em reportagem de Sônia Bridi, que mostrava como pescadores caçavam o boto rosa e usavam sua carne de iscar para pescar piratinga, um peixe valioso da região amazônica. Uma fêmea de boto é cortada e é possível ver até um feto formado.

Ao chegar à Amazônia, porém, o documentarista foi informado pela população local de que as pessoas no vídeo não eram da comunidade e que foram levadas até lá pelo próprio Richard Rasmussen.

Após procurar os pescadores filmados, Grieco encontrou os envolvidos, que acusaram Rasmussen de pagar R$ 100 a cada um para que reproduzissem diante das câmaras as técnicas de caça ao boto. Eles afirmam ainda que o apresentador garantiu que as imagens não seriam televisionadas, apenas encaminhadas ao governo.

O OUTRO LADO

Em entrevista ao Notícias da TV, do portal Uol, Richard Rasmussen afirmou que "nunca pagaria ou mesmo participaria do sacrifício de qualquer animal. As únicas coisas que paguei foram minhas despesas no local com alimentação e com os deslocamentos de canoa".

"A matança dos botos é monitorada há anos por ambientalistas e já estava sendo investigada pelo Ministério Público. Minha intenção foi alertar o grande público que a matança de botos é uma realidade dura e cruel. Vale lembrar que eu não estava ali como um apresentador de televisão e sim como um associado da Ampa (Associação dos Amigos do Peixe-Boi), instituição de que faço parte desde 2015", afirmou.

"A Ampa trabalha em parceria com o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) no manejo e proteção dos mamíferos aquáticos da Amazônia, entre eles, o boto vermelho. Aliás, a própria Ampa já vinha acompanhando a pesca do boto nesta e em outras comunidades da região. Quem tiver acesso às imagens perceberá a prática dos pescadores na captura e limpeza do boto. Não foi algo montado e também não era a primeira vez que aquilo estava ocorrendo", completou o biólogo.

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