Nelson Pereira dos Santos: um mestre das adaptações

Diretor revela seu contato com Graciliano Ramos para tentar gravar São Bernardo
Eduardo Amorim
Publicado em 15/11/2011 às 10:04


Um dos mais respeitados diretores do cinema brasileiro, Nelson Pereira dos Santos tornou-se a principal referência em adaptações de obras literárias para as telas no Brasil. São dele filmes como Memórias do cárcere e Vidas secas, de Graciliano Ramos, Boca de ouro (Nelson Rodrigues), A terceira margem do rio (Guimarães Rosa), Tenda dos milagres (Jorge Amado) e uma adaptação para a TV de Casa-grande e senzala, do homenageado desta Fliporto, Gilberto Freyre. Mas, antes de sua participação na feira, ontem, ele contou que sua primeira tentativa de adaptar um clássico da nossa literatura não foi aprovada pelo escritor Graciliano Ramos.

O livro São Bernardo nunca chegou a ser filmado pelo diretor que, em 1952, queria fazer uma mudança profunda na história. "Quando eu comecei a escrever o roteiro, achei que não funcionaria o suicídio da personagem Madalena (esposa do latifundiário Paulo Honório, protagonista e narrador). Cheguei até a escrever uma carta para o escritor, mas ele me respondeu dizendo que eu podia filmar, mas que tirasse seu nome do projeto", revela. A história parece ter sido uma lição para o respeitado diretor, que é referência pela qualidade da sua filmografia, mas também pelo respeito que teve pelas obras literárias adaptadas.

O painel que discutiu as adaptações de livros para as telas teve a presença ainda do mediador Alexandre Figueirôa e dos debatedores Tizuka Yamazaki e Guel Arraes. "Se você não se sente livre para adaptar, tente pelo menos conversar com o escritor", sugeriu o diretor da TV Globo. Ela, que trabalha na adaptação do livro Xamã, de Zeneida Lima, contou que seu primeiro trabalho no cinema foi com Nelson, que lhe passou o "profundo amor pelo cinema e pelo povo brasileiro".

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