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Jorge Amado travou diálogos culturais com Pernambuco

Além do companheirismo com Carlos Pena Filho, o escritor também se inspirou bastante em Gilberto Freyre

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 05/08/2012 às 6:21
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Além do companheirismo com Carlos Pena Filho, o escritor também se inspirou bastante em Gilberto Freyre - FOTO: Divulgação
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Se em Carlos Pena Filho o escritor Jorge Amado encontrou um amigo para boemia e uma espécie de filho literário, uma outra grande amizade pernambucana foi essencial para a sua formação. Sua relação com o sociólogo Gilberto Freyre não era próxima, mas a dívida intelectual do baiano com ele é imensa: foi a partir do pensamento freyriano que Jorge estabeleceu seu objetivo de, a partir dos romances, mostrar (ainda que de forma idealizada) como a formação cultural e social brasileira se fazia presente na realidade.

No romance Navegação de cabotagem – Apontamentos para um livro de memória que jamais escreverei, espécie de autobiografia fracionada do autor baiano, existem relatos de vivências com Freyre. Um deles conta um encontro em Lisboa, quando Jorge levou o pernambucano para um restaurante caseiro, terminando por ouvir depois o veredicto do amigo: “Não está nos guias de turismo? Pois devia estar”.

Em outras passagens, Jorge comenta a admiração que tinha pela obra do intelectual pernambucano, ainda que não tenha sido “vassalo de sua corte”. O destaque, claro, é para a importância histórica de Casa grande e senzala. “Proclamei aos quatro ventos: em suas páginas aprendemos por que e como somos brasileiros, mais do que um livro foi uma revolução”.“Para aquela geração, a de 1930, que retomava uma reflexão pelo Brasil e que buscava retratar criticamente o nosso cotidiano, a obra de Gilberto Freyre era a que melhor oferecia ferramentas para essa literatura”, explica o professor Anco Márcio Tenório Vieira, professor do Programa de Pós-Graduação em Letras (UFPE).

O escritor pernambucano Raimundo Carrero também travou contato com Jorge Amado, ainda que a distância. “Quando eu era um rapaz, mandei uma carta para ele. Nela, dizia que gostava dele e que queria começar a me corresponder. Ele, sempre muito correto e prestativo, achou ótimo, mas também me indicou dois autores mais jovens da Bahia com quem eu poderia conversar por cartas”, lembra o autor de A minha alma é irmã de Deus.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste domingo (5/7).

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