O escritor e editor francês François Maspero, cuja editora publicou nos anos 1960 e 1970 várias obras contestatórias, incluindo as de Che Guevara, morreu no sábado aos 83 anos, indicou nesta segunda-feira a editora Le Seuil.
Maspero também era jornalista e tradutor para o francês de inúmeros autores da Espanha e da América Latina, de Luis Sepúlveda a Arturo Perez Reverte, passando por Álvaro Mutis, César Vallejo e Eduardo Mendoza. Em 1959 fundou a editora que leva seu nome.
Neto do egiptólogo Gaston Maspero e filho do sinólogo Henri Maspero, François Maspero nasceu em Paris, em 19 de janeiro de 1932. Sua juventude foi marcada pela guerra: em 1944 seu pai morreu em Buchenwald, o campo de concentração nazista libertado há 70 anos e seu irmão foi morto na França pelos alemães.
Em 1955, abriu uma livraria no bairro latino de Paris, onde artistas e intelectuais se reuniram com frequência.
Quatro anos depois, fundou a editora Maspero, que nas duas décadas seguintes publicou textos sobre a guerra na Argélia, a revolução cubana e bras que questionavam o stalinismo, o subdesenvolvimento e o neocolonialismo.
Che Guevara, Louis Althusser, Jean-Pierre Vernant, Pierre Vidal-Naquet, Yves Lacoste, Yannis Ritsos, Tahar Ben Jelloun e Nazim Hikmet publicaram seus trabalhos na França pela editora Maspero. Em 1982, Maspero vendeu sua editora, que passou a se chamar La Découverte, dirigida por François Gèze.
A partir de então, passou a se dedicar exclusivamente à literatura, publicando livros — sobretudo romances e relatos de viagens — e à tradução de autores de língua espanhola ou inglesa.