Clarice Freire lança segundo livro do Pó de Lua

A escritora pernambucana navega pela noite nos poemas do seu novo livro, editado pela Intrínseca
JC Online
Publicado em 19/07/2016 às 5:54
A escritora pernambucana navega pela noite nos poemas do seu novo livro, editado pela Intrínseca Foto: Leo Aversa/Divulgação


Da janela do seu apartamento atual, a poeta e ilustradora Clarice Freire tem um panorama amplo da cidade do Recife. Foi com essa vista, aliada ao silêncio e à solidão da madrugada, que a autora pernambucana criou o seu segundo livro, Pó de Lua nas Noites em Claro (Intrínseca). As noites, o momento preferido dela para refletir, desenhar e imaginar, são o próprio roteiro da história que ela tece com poemas, prosa e, claro, desenhos. Na quinta (21), às 17h, ela apresenta o volume aos leitores pernambucanos, no lançamento nacional da obra na Livraria Cultura do RioMar Shopping.

Clarice chamou atenção ao publicar seus poemas visuais – ou poemas desenhados – num blog e na sua página no Facebook desde 2010. Hoje tem quase 1,3 milhões de fãs no Facebook, um primeiro livro bem sucedido, o Pó de Lua, e a vontade de continuar criando. O segundo volume, quase todo com material inédito, surgiu do seu próprio hábito de ficar desperta à noite. “Sou uma pessoa noitívaga, principalmente no meu processo de trabalho. Costumo dizer que ‘acordo’ mesmo lá para às 22h”, confessa a autora.

O silêncio da madrugada, ela define, é quando pode finalmente se encontrar consigo mesma. “E com as outras pessoas que vagam pela noite, estejam ela na minha imaginação ou não”, afirma. A ideia de escrever uma história sobre as noites, no entanto, veio por acaso, de uma conversa com uma de suas editoras, acostumada, assim como os amigos de Clarice, a receber e-mails às 3h. “Foi aí que tive o estalo: o insone se culpa por não viver o dia, mas a poesia pode existir na madrugada”, aponta.

Não é um livro só sobre a noite. Estão lá os poemas sobre sentimentos, reflexões casuais e diálogos com as criaturas da noite, reais ou não. Tudo através da personagem Nina, que percorre, em cada capítulo, uma hora da madrugada, da meia-noite às cinco da manhã. “O primeiro era dividido pelas fases da lua. Nesse percorri essas horas da noite, cada uma tem sua particularidade. À meia-noite, a cidade ainda está muito acordada, você ainda está muito desperto. Às 3h, a madrugada é mais densa. Às 4h, começa a amanhecer. Também tem o sentido de que, por mais que se passe por noites escuras, o dia sempre amanhece”, explica Clarice.

Além disso, foram três anos desde o lançamento do último livro. “Uma das novidades é que passei a colocar prosa nesse volume. Desde o começo do Pó de Lua fazia pequenos textos, mas nesse livro misturei prosa com a poesia, a tipografia com o desenho. Conversei muito com meu pai (o poeta e médico Wilson Freire), mostrava sempre o livro para ele. Notei que através da poesia e da prosa poderia contar uma história, mesmo que os poemas fossem independentes”, comenta.

Clarice também viveu um período pessoal mais difícil, uma espécie de noite particular, nos dois anos de criação do volume. “Os dois Pós de Lua são retratos diferentes – feitos em momentos distintos – de uma mesma alma”, define. Até por isso, criou uma personagem para se distanciar em alguns momentos. Buscou ainda aperfeiçar o seu traço no período. “No começo eu fazia um pensamento rabiscado mesmo. Agora, não. Tenho tentado me dedicar ao traço, gastar mais tempo em cada desenho, ser perfeccionista. Queria dar mais voz à imagem, tanto que o livro tem espaços para respiro só com desenhos”, indica.

Animada com o lançamento no Recife – Clarice ficou feliz que a editora topou começar pela sua cidade natal –, ela está vivendo a apreensão “maravilhosa e um pouco assustadora” de lançar um livro. Mesmo sendo o seu segundo, o nervosismo não diminui. “É muito da sua alma que está ali. Mas, no fim, eu adoro encontrar meus leitores, estou com saudade disso”, confessa. Um dos compromissos já agendados para a turnê de Pó de Lua nas Noites em Claro é a Bienal de São Paulo: ela autografa o livro no dia 28 agosto, às 15h, no estande da Intrínseca.

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