José Teles lança livro de contos inspirados nos Beatles

A obra traz 13 textos, cada um com uma música do grupo britânico como título
Diogo Guedes
Publicado em 25/09/2016 às 6:07
A obra traz 13 textos, cada um com uma música do grupo britânico como título Foto: Ricardo Labastier/JC Imagem


Da camisa de uma amiga, que citava a canção Yellow Submarine, nasceu a ideia de um pequeno conto. E daí, ao longo de 20 dias, foram surgindo outras narrativas ficcionais, todas com um ponto em comum: uma música dos Beatles como título. Foi assim, despretensiosamente, que o crítico musical e escritor José Teles reuniu os textos que compõem o seu mais novo livro de ficção, lançado hoje, às 17h, no Rock and Ribs (Av. Alfredo Lisboa, s/n, Bairro do Recife), com show da banda Revolution, especializada no repertório do grupo inglês.

Pelo título Acordei Esta Manhã Cantando uma Velha Canção dos Beatles, editado pela Bagaço e com capa feita pelo jornalista Marcos Toledo, pode parecer um livro de crônicas ou textos sobre os garotos de Liverpool – mas não é. Ele reúne treze contos que, com referências às letras do grupo, contam histórias completamente destinas. The Magical Mistery Tour, o primeiro, fala justamente da garota com a camisa de Yellow Submarine, mas é acompanhado de outros sucessos e lados B, como Lady Madonna, She’s Leaving Home, The Fool on the Hill e A Taste of Honey.

“São textos que têm a ver com o que vi, ouvi, com coisas que aconteceram e foram modificadas. Em cada conto, pensava na trama e via que música combinaria com elas”, conta Teles sobre a concepção do livro, descrito por ele como uma “centopeia sem cabeça”. Não são crônicas tiradas da sua vivência, mas sim reinvenções completas ou parciais de histórias que viveu e ouviu.

Um morcego que aparece em uma casa e uma passeata no meio da ditadura são algumas das cenas dos curtos textos, que usam as músicas mais como uma inspiração para o clima da história do que como um tema em si. Os contos envolvem como um bom disco: é meio inevitável emendar a leitura de um logo após o outro, como as faixas de um CD bem pensado. A linguagem é simples, direta, mas revela momentos singulares de solidão, fim de relacionamentos e até morte. Em cada um deles também há versos das velhas canções dos Beatles e de outros artistas – Besame Mucho, que fez parte do repertório da banda quando eles estavam no início, é trilha de uma dança.

O livro, Teles explica, poderia ter sido sobre canções de outro grupo – os Beatles foram um acaso fortuito. Tanto que ele pensa em continuar as narrativas, agora a partir de faixas dos Rolling Stones. “Os Beatles são mais clean e até verdadeiros, mas os Stones se vendia como mais violentos, rebeldes, e até se tornaram de fato isso depois”, aponta o crítico.

NOVOS PROJETOS

Apesar de escrever ficção adulta com frequência, ele tem duas novelas prontas e dois volumes de contos. Nas histórias para jovens, tem sempre lançado pela Bagaço livros como O Perigoso Caminho da Pedra e Bem-Vindo ao Meu Pesadelo – ainda pretende fazer um sobre a intolerância. Outro projeto é o de editar um volume com as notícias curiosas de antigamente que encontra na suas pesquisas em jornais: histórias de ladrões de galinha, notícias sobre facas e outras. E já tem um volume pronto, com capa e tudo: a obra de crônicas Na América com a Spok Frevo Orquestra e Outras Viagens, ainda sem data de lançamento.

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