Carlos Gomes lança livro digital com dez poemas

Canto Primeiro (Ou Desterrados) traz versos acompanhados de fotografias de Amanda Coutinho
Diogo Guedes
Publicado em 30/11/2016 às 7:00
Canto Primeiro (Ou Desterrados) traz versos acompanhados de fotografias de Amanda Coutinho Foto: Divulgação


É “aos turistas que nem imaginam/ a cidade soterrada sob seus pés” que o escritor e crítico Carlos Gomes escreve no livro digital Canto Primeiro (Ou Desterrados). Disponível para download gratuito a partir desta quarta (30/11) no site da Revista Cardamomo (www.revistacardamomo.com), o volume é um retrato de uma cidade – Recife, mas também outras – cercada por monstros nada fantásticos como Komats, a fabricante de máquinas da construção civil que atravessam o velho, desterram famílias e só dialogam através da indenização.

Acompanhado das poéticas fotografias de Amanda Coutinho, Canto Primeiro é uma prévia do próximo livro de poemas de Carlos, que já venceu com Êxodo, o Prêmio Pernambuco. O crescimento urbano sem critérios já era um tema da escrita do autor. Ao começar a debater o tema na revista Outros Críticos, passou a forjar um novo livro, Canções Não, narrativo como o anterior, mas que mantém o sentido quando fragmentado. “O primeiro canto se chama ou desterrados, o segundo se chamará cantores de rua, e acredito que cinco cantos sejam suficientes para o livro que penso em lançar futuramente, mas acho que ainda tenho um longo processo pela frente”, adianta.

O formato de uma prévia do próximo livro, ele brinca, imita um pouco os lançamentos de singles. “Tem um pouco disso, de ter uma resposta mais próxima dos leitores e da crítica sobre o caminho que o livro vem tomando, mas também por querer dizer poemas e temas que tem me provocado muito nos últimos anos, e que eu gostaria de jogar luz para uma outra forma de visibilidade para esse assunto”, conta. “É uma experiência em meio a um processo que não é controlável. O da criação poética.”

FOTOGRAFIAS

Sobre o diálogo com as imagens de Amanda Coutinho, Carlos fala que tentou evitar que os poemas ganhassem uma mera “leitura visual”. “Ela leu os poemas, fez uma série de fotos, selecionou algumas outras, e eu fiquei com o papel de decidir que imagens usar e em que partes do livro cada imagem estaria. Há um diálogo, mas não é numa relação dual, entre poema e foto, de forma direta”, diz.

Se Êxodo, era “mais vertical, duro, áspero”, Carlos descreve Canto Primeiro como “mais espacial, horizontal, com certa musicalidade”. “Eu tenho até ensaiado uma leitura-canto dos dez poemas com o uso do violão”, comenta, entre a música e a literatura. “No meu caso, os versos de Jomard Muniz de Britto que pus na epígrafe desse ‘canto’ ainda devem me acompanhar por algum tempo: ‘Ó cidade faminta!/ Alimentando-se de letras de canções’. Por hora, esse é o meu mote”, conclui.

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