Na enorme fila que se formou na área externa do Teatro da UFPE para conferir o show Duas faces, de Alcione, ocorrido na última sexta-feira, o empresário Luís Carlos Azevedo deu a dica: “Tomei logo dois ou três copos de uísque antes de vir para cá, para assistir a Marrom como se deve”, contou. Contudo, abertas as portas, público acomodado, teatro quase lotado, foi regada a dendê que Alcione subiu no palco. Temperada com os aplausos efusivos da plateia, a maranhense revelou o resumo do molho no samba Tem dendê, de Nei Lopes e Reginaldo Bessa. “Até num piscar de olho é capaz de endoidecer”, cantou Alcione, acompanhada na Banda do Sol, anunciando o que seria o resto da apresentação.
Bastavam os primeiros acordes das canções, para o público ir à loucura. Foi assim com os dramalhões apaixonados Além da cama e Mulher ideal e com a bem resolvida A loba. Nos refrões, a iluminação do palco se voltava para a plateia, convocando o público a cantar e mostrando que eles também fazem parte do show. Na plateia, um fã agarrou sua perna para contar que há nove anos canta as músicas dela aqui no Recife. Comovida, a cantora pediu que ele subisse no palco, não sem antes soltar uma de suas típicas piadas. “Me larga, criatura, meu corpo não está no pacote”. E onde sobe um, sobem mais três. Uma sequência de fãs resolveram tirar uma casquinha da Marrom. Todos simpaticamente recebidos, até começar a ficar chato. “Deixa eu cantar que daqui a pouco a galera reclama”, pediu a maranhense, emendando um comentário divertido sobre a cadeira em que se sentou “Nossa, essa cadeira está sinistra. Se eu cair, não vai sobrar pedra sobre pedra”. Climão para quê?
Nem músicas mais intimistas como Poder da criação, de João Nogueira, entoada em seguida, foram capaz de tirar o bom humor da cantora, que, usando o bordão criado sem querer por Christiane Torloni, no Rock in Rio, anunciou a representante de canções de outros idiomas que integram o disco Duas faces: jam session. “Essa música eu conheci quando estive no Chile, há 30 anos. Bora, bebê?”, disse, antes de começar a cantar Todavía, de Armando Manzanero. Brincadeira, aliás, foi o que não faltou na apresentação, em que o Enem virou piada “não serve para nada, só é bonito” e a maranhense se transformou em uma baiana, incorporando antes de cantar Entidade.
Leia mais no Caderno C desta segunda-feira, no Jornal do Commercio.