Eram 0h05 de sábado (12) quando as cortinas do Classic Hall finalmente se abriram para apresentar às mais de 10 mil pessoas a estreia nacional da turnê Gigantes do Samba II. Uma introdução instrumental rápida foi o suficiente para os cantores Alexandre Pires, Belo e Luiz Carlos, do Raça Negra, se posicionarem estrategicamente sob os holofotes e levar o público ao delírio. Ao abrirem com Ciúmes de você, cada primeiro verso de um vocalista era correspondido com gritos e aplausos. A plateia já estava entregue.
Entregue para se render a um repertório arrasador, repleto de hits de várias épocas da trajetória daqueles artistas. A grandiosidade do setlist contrastou com a simplicidade do cenário, que não ocupou toda a boca de cena que o Classic Hall dispõe, mas funcionou perfeitamente ao remontar o ambiente que misturava elementos de palácio (lustres e cortinas) com antigos cabarés (espelhos e escada retrô luminosa). A iluminação impressionava com a potência e sincronicidade com as canções.
Vestidos de trajes de gala, Alexandre, Belo e Luiz estavam bem a vontade. Nem de longe lembrava o clima tenso que viveram antes da turnê estrear e que afastou Belo por uns dias. Naqueles 150 minutos de show, o pagodeiro apenas exaltou que estava sendo uma honra dividir o palco com os dois veteranos.
Os arranjos musicais da Banda Raça Negra também impressionaram. Uma introdução estilo música clássica para Cheia de manias arrancou gritos enlouquecidos da plateia. E a troca de vocalistas em algumas canções foi bem acertada. O bloco com Depois do prazer (Belo), Eternamente (Pires) e Essa tal liberdade (Luiz) coroou a noite, onde o público cantava tudo a plenos pulmões.
Minutos antes de começar, era possível perceber a presença do diretor Raoni Carneiro circulando pelo Classic Hall. Com experiência de sobra em dirigir os shows/DVD's de Roberto Carlos, Sandy e Anitta, ele conseguiu provar que também soube orquestrar um bom espetáculo de samba.
Quando os Gigantes entraram no palco, Raoni ficou na mesa de som, onde se precisava urgentemente acertar os microfones do vocalistas, e isso permeou todo o espetáculo. Várias vezes houve aumentos bruscos de áudio, mas nada que tirasse o brilho do show.
Com um Alexandre performático, um Belo simpático e um Luiz profissional, os três brilharam igualmente. A estreia de Gigantes do Samba 2 teve gosto de sucesso, cumprindo bem a promessa de conquistar o coração de qualquer pagodeiro Brasil afora.