Martin Mendonça faz música à sua maneira em Quando Um Não Quer

Em pausa no trabalho com a cantora Pitty, músico traz turnê de seu primeiro álbum solo ao Recife
Nathália Pereira
Publicado em 21/05/2016 às 9:00
Em pausa no trabalho com a cantora Pitty, músico traz turnê de seu primeiro álbum solo ao Recife Foto: Foto: Divulgação


Martin Mendonça é cantor, compositor e guitarrista. Nascido em Salvador (BA), ganhou maior visibilidade a partir de 2004, quando passou a integrar a banda da cantora Pitty, e participou do projeto Agridoce. Há cerca de um ano, ele juntou amigos e experiências para fazer nascer o primeiro disco com seu nome em destaque: 'Quando Um Não Quer (QUNQ)', lançado em formato digital pela DeckDisc. Em entrevista ao JC, ele falou sobre o álbum e o show acústico de hoje, às 16h, no bar Estelita.

JORNAL DO COMMERCIO - Martin, você sentiu mais liberdade para compor no Quando Um Não Quer? É uma parte do “fazer música” que te agrada tanto quanto ser instrumentista?

MARTIN MENDONÇA – Sim, para o bem e para o mal. É uma delícia fazer as coisas à sua maneira, mas me orgulho bastante dos outros discos, gosto muito de trabalhar coletivamente também.

JC – Algumas faixas são interpretadas por outros artistas no seu álbum. Elas foram compostas já pensando em quem iria cantá-las?

MARTIN – Não foram compostas com essa intenção, mas, na hora de gravar, várias delas já tinham destino certo, a exemplo de Lira e Pitty em Mesmo e Jajá (Cardoso, da banda Vivendo do Ócio) em Caos. O resto foi obra da providência, como Leo Cavalcanti em Algum Lugar.

JC – Como tem sentido a recepção da crítica ao seu trabalho?

MARTIN – Sempre positiva, felizmente. A gente adora dizer que não liga pra crítica, mas não sei como reagiria a ver meu disco avacalhado numa resenha, acho que sou autoconsciente demais pra lidar bem com isso.

JC – Você fez parte de bandas importantes da cena da Bahia. Continua acompanhando o que rola por lá? Algum grupo recente que tenha chamado sua atenção?

MARTIN – Vivendo do Ócio e Maglore são duas que, apesar de já terem saído de lá pro Brasil, representam muito bem a cena da Bahia e são massa demais.

JC – E a setlist da apresentação de hoje, será exclusiva do QUNQ?

MARTIN – Não, tem bastante coisa do Dezenove Vezes Amor (da dupla Martin e Eduardo, 2010), além de Agridoce, Cascadura e “otras cositas más”.

VIDA MUSICAL

Foi no final da década de 1980, ainda no começo da adolescência, que Martin teve o primeiro encontro com a guitarra. Daí até assumir o instrumento em bandas fundamentais no cenário do rock baiano não demorou muito. Passou pela Gridlock, Malefactor e Cascadura. Ao lado de Pitty, com quem tem uma relação de amizade visível nas parcerias musicais, toca desde o segundo trabalho da cantora, Anacrônico, de 2005.

A primeira aparição frente aos vocais principais, no entanto, aconteceu apenas em 2010, quando compôs, junto ao baterista Duda Machado, a dupla Martin e Eduardo. Juntos, eles assinaram, gravaram e produziram as nove músicas do disco Dezenoves Vezes Amor.

A intenção era mostrar o resultado como produto de um homem só, mas a ideia precisou de mais tempo para ser maturada. “Estava muito acostumado a fazer parte de um conjunto e me deu um certo receio desse lance de carreira solo, mas passou”, explica o músico.

A investida pareceu ser o que faltava para explorar mais a versão cantor. Do casamento entre as vozes dele e de Pitty veio o Agridoce, outra dupla que ganhou disco e turnê pelo país. Mas é mesmo em Quando Um Não Quer que ele se revela em mais detalhes. O disco soa como uma soma entre a identidade sonora dele e o trabalho em equipe, nas presenças de muitos amigos, tais como a de Fábio Cascadura e de Pupillo, baterista da banda Nação Zumbi.

Em “folga” dos shows com Pitty, que espera o primeiro filho, Martã, como é chamado por fãs e amigos próximos, aproveita para viajar o país fazendo o que mais gosta. A turnê nordeste do QUNQ começou na quinta-feira (19), em Aracaju, seguindo para Maceió, na sexta.

Após o show que aporta hoje à tarde, no Recife, ele segue direto para João Pessoa, onde toca às 22h. No domingo (22), ele encerra a maratona em Fortaleza. Mas o lugar cativo continua sendo nas guitarras que acompanham a parceira de estrada. "Minha prioridade é tocar com Pitty, nas brechas, dou meus pulos", finaliza.

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